Ainda há lugar para os clássicos na escola?

O cânone e os documentos oficiais sobre o ensino de literatura

Autores

  • Marcus De Martini Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

DOI:

https://doi.org/10.17851/1982-0739.22.3.183-202

Palavras-chave:

Ensino de Literatura, Cânone, Clássicos, ENEM, PNBE

Resumo

O presente artigo busca analisar a situação do estudo dos “clássicos” na escola, entendendo-se o termo primeiramente como referente às obras compostas entre os séculos XVI e XVIII e, num segundo momento, estendendo-o às obras “relevantes” escritas em qualquer tempo. Com base em pesquisas recentes, como Fischer et alli. (2012) e Fischer (2014), o artigo discute a posição do “cânone” no ensino de literatura brasileira na escola, analisando-se, para isso, os documentos oficiais sobre o ensino de literatura, bem como o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE). A partir dessa análise, constatou-se um progressivo apagamento desse tipo de produção literária, cujas implicações são aqui discutidas. Conclui-se então que é preciso se repensar o lugar dos “clássicos” na escola, promovendo-se a formação do leitor com políticas mais consistentes e coerentes com os objetivos que se espera do ensino de literatura.

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Biografia do Autor

  • Marcus De Martini, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

    Doutor em Estudos Literários pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Professor adjunto do Departamento de Letras Vernáculas da mesma universidade.

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Publicado

2017-10-27

Edição

Seção

Ensino de Literatura