As memórias do corpo em Caderno de memórias coloniais e A árvore das palavras

Autores

DOI:

https://doi.org/10.17851/1982-0739.28.2.312-331

Palavras-chave:

Memória, corpo, pós-colonialismo, Caderno de memórias coloniais, A árvore das palavras

Resumo

A literatura portuguesa contemporânea tem demonstrado significativo interesse pela memória por meio de narrativas que evidenciam a relação dos sujeitos com o passado colonial português, cujo controle das colônias perdurou até 1975. Frequentemente, essas obras apresentam narradores que viveram a infância e/ou a adolescência nas colônias portuguesas na África, tomando suas memórias pessoais como fundamentais para um olhar outro sobre o colonialismo. Como veículo de inserção na história, o corpo apresenta em si as marcas de um tempo. O corpo da mulher, assim, violentado de diversas formas ao longo da história, leva em si as marcas de um passado colonial. Em Caderno de memórias coloniais (2009), de Isabela Figueiredo, e A árvore das palavras (1997), de Teolinda Gersão, as narradoras rememoram seu passado junto das famílias em Moçambique e posteriormente em Portugal em um momento de intensa transição política dos países, bem como de suas subjetividades. Essas memórias, inevitavelmente associadas ao corpo, ainda carregam consigo a marca de gênero bem explícita. Nesse sentido, sob uma perspectiva de análise pós-colonial, com o aporte das teorias sobre memória (Pollak, 1992) e corpo (Le Breton, 2007), este trabalho reflete sobre as memórias do corpo suscitadas por essas narradoras.

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Biografia do Autor

  • Cristina Arena Forli, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    Doutora em Estudos de Literatura, vinculada à linha de pesquisa Pós-colonialismo e identidades, pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da UFRGS (Porto Alegre, Rio Grande do Sul).

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Publicado

2022-12-20