Futebóis – da horizontalidade epistemológica à diversidade política
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Resumo
Este ensaio tem por objetivo recuperar o contexto no qual o conceito de “futebóis” foi forjado e de pensar seus usos possíveis no presente e no futuro dos estudos esportivos. Primeiramente, argumento que o conceito foi usado em um momento no qual a produção em ciências sociais sobre a temática esportiva encontrava-se em expansão, procurando se estabelecer enquanto um polo discursivo próprio. Sugiro que, naquela ocasião, a noção de futebóis objetivava promover uma horizontalidade epistemológica, não devendo as ciências sociais se aterem ao futebol de espetáculo. Atualmente nos encontramos noutro contexto, marcado pela contestação da proeminência androcêntrica e pela renovação do campo, sob diferentes aspectos. Se há duas décadas a noção de “futebóis” ajudou a perceber o amplo espectro de práticas futebolísticas pesquisáveis, nota-se no presente uma mobilização crítica no sentido de discutir as implicações políticas que perpassam a definição de temas e as formas de dialogar com certos movimentos esportivos e políticos que defendem as práticas não hegemônicas. Sugiro que esta mudança de perspectiva está em curso – atestada, por exemplo, pelo interesse notável pelo futebol de mulheres – e tem a ver também com mudanças ocorridas no futebol de espetáculo, as quais contribuíram para afastá-lo das classes populares, razão principal pela qual o futebol tornou-se um tema legítimo – ainda que periférico – no campo das ciências sociais brasileiras.
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