Entre Torcidas Organizadas e Torcidas Antifascistas considerações sobre as políticas do torcer e suas resistências

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Phelipe Caldas
Marianna Andrade
Roberto Souza Junior

Resumo

Neste artigo, pretendemos analisar comparativamente dois modelos de adesão torcedora em torno do futebol. A saber, as torcidas organizadas e as torcidas antifascistas. Para isso, tomamos como ponto de partida o engajamento de torcedores nos protestos a favor da democracia, contra o Governo Bolsonaro, e que tomaram as ruas de algumas cidades brasileiras durante a pandemia. Discutiremos os alcances de ambos os projetos associativistas no contexto da cidade de São Paulo, e como contraponto traremos um caso singular de um torcedor organizado que também é torcedor antifascista na capital paraibana de João Pessoa. O objetivo é mostrar as estratégias existentes entre essas duas formas de engajamento e, mais do que isso, perceber o quão podem ser múltiplas e complexas as ações torcedoras provocadas pelos mais variados contextos sócio-históricos.

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Como Citar
CALDAS, P.; ANDRADE, M.; SOUZA JUNIOR, R. Entre Torcidas Organizadas e Torcidas Antifascistas: considerações sobre as políticas do torcer e suas resistências. FuLiA/UFMG , Belo Horizonte/MG, Brasil, v. 7, n. 1, p. 52–81, 2022. DOI: 10.35699/2526-4494.2022.35626. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/fulia/article/view/35626. Acesso em: 5 out. 2024.
Seção
DOSSIÊ
Biografia do Autor

Phelipe Caldas, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

Doutorando em Antropologia Social pela Universidade Federal de São Carlos, mestre em Antropologia pela Universidade Federal da Paraíba, graduado em Comunicação Social - Jornalismo pela UFPB. É escritor e cronista. Autor de cinco livros: Academias de Bambu, Além do Futebol, O Menino que Queria Jogar Futebol, Sobreviventes e Quando a Saudade me Visita. Dedica-se atualmente às pesquisas acadêmicas sobre futebol, torcidas e formas de torcer. Integra o Laboratório de Estudos das Práticas Lúdicas e de Sociabilidade (LELuS/UFSCar) e o Grupo de Estudos e Pesquisas em Etnografias Urbanas (Guetu/UFPB). É membro-fundador da Rede Nordestina de Estudos em Mídia e Esporte (ReNEme).

Marianna Andrade, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

Mestranda em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e Bacharel em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Tem experiência na área da antropologia com foco em antropologia urbana e antropologia das práticas esportivas. Atualmente pesquisa as relações de gênero nas torcidas organizadas de futebol. Compõe o Grupo de Estudos sobre Futebol dos Estudantes da EFLCH (GEFE) e o LELuS (Laboratório de Estudos das Práticas Lúdicas e Sociabilidade).

Roberto Souza Junior, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

Mestrando em Antropologia Social (PPGAS - UFSCar). Bacharel em Ciências Sociais, também pela Universidade Federal de São Carlos (2016 - 2019). Trabalha na área de Antropologia, com ênfases em Antropologia Urbana, Antropologia das práticas esportivas e Antropologia visual. Pesquisador associado ao LELuS (Laboratório de Estudos das Práticas Lúdicas e de Sociabilidade) e bolsista CAPES. Atualmente trabalha em perspectiva etnográfica - e fotográfica - com torcidas organizadas de futebol que são também escolas de samba do carnaval paulistano.

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