Futebol não é coisa de macho Nando Gald, a pauta LGBTQIAPN+ e outros currículos de torcer no futebol
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Resumo
Este trabalho objetiva refletir sobre a atuação de Nando Gald, torcedor-influenciador do Vasco e gay afeminado que conquistou notoriedade nas redes sociais e nos estádios ao acompanhar o clube. O futebol forma pedagogias do torcer (Bandeira, 2010) com o regramento da masculinidade hegemônica (Connell, Messerschmidt, 2013). Com o conceito de ambiência (Anjos, 2022), vamos verificar o que levou Nando Gald a conseguir se fazer presente num estádio de futebol, esporte historicamente machista e LGBTfóbico, abalando a masculinidade hegemônica. Relacionando os estudos de Gustavo Bandeira, Guacira Lopes Louro, Judith Butler e Pierre Bourdieu, discutiremos gênero e sexualidade para problematizarmos as formas de organização social que só aceita a ideia de “macho” como ideal de ser. Como gay afeminado, Nando Gald se faz presente em jogos do Vasco com uma performatividade contrária a esse ideal hegemônico de masculinidade. O que fez com que ele sofresse ataques homofóbicos, levando-o a revelar o caso por meio de um vídeo em seu Instagram. Com a análise de conteúdo (Sampaio, Lycarião, 2021), analisaremos o vídeo para descrever e interpretar as problemáticas de gênero e sexualidade a partir dos autores supracitados para que se possa pensar outros modos de torcer no futebol brasileiro que não o da masculinidade viril e, assim, criar ideias para a democratização do futebol brasileiro.
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Referências
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