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Artigos

v. 5 n. 2 (2019): Revista Indisciplinar

Este canto é nosso: festa e direito à apropriação nos territórios atingidos pelos rejeitos de minério do Fundão, em Mariana, Minas Gerais

Enviado
abril 1, 2021
Publicado
2019-12-01

Resumo

Mariana, 05 de novembro de 2015: uma avalanche de rejeitos minerais decorrente do rompimento da barragem do Fundão, de responsabilidade das empresas Samarco/Vale/BHP Billiton, atingiu Bento Rodrigues, Camargos, Bicas, Ponte do Gama, Paracatu de Cima, Paracatu de Baixo, Pedras e Campinas, no município de Mariana-MG, além de outras diversas localidades dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, percorrendo o rio Doce até desaguar no Oceano Atlântico. O desastre-crime resultou em impactos socioambientais de drásticas proporções e, a partir de então, iniciou-se a luta da população atingida, que já perdura quatro anos, pelas devidas indenizações, reparações e compensações. A relação de dominação estabelecida pela Fundação Renova, criada pelas empresas responsáveis pelo desastre-crime, engendra em Mariana um quadro de contínua violação de direitos, dentre os quais, o direito à apropriação dos territórios atingidos. Para a população atingida de Mariana, as festas são formas de fortalecer a luta e os vínculos afetivos entre eles, e deles com o território. São experiências coletivas e práticas espaciais que resistem ao modelo hegemônico de dominação relacionado à exploração mineral no território e que reafirmam o sentimento de pertencimento e o desejo pelo reestabelecimento dos modos de vida destruídos. Sob essa perspectiva, a festa é reconhecida como um instrumento de resistência e de luta pelo direito à apropriação cotidiana dos territórios atingidos de Mariana.

Referências

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