Representações da memória e do exílio judaicos em The fixer, de Bernard Malamud, e em pinturas de Marc Chagall
DOI:
https://doi.org/10.17851/1982-3053.5.9.39-49Palavras-chave:
Memória, Exílio, Malamud, ChagallResumo
Este trabalho tem por objetivo fazer uma análise intersemiótica da presença da memória e do exílio no romance The fixer (O faz-tudo), do escritor judeu norte-americano Bernard Malamud (1914-1986), publicado em 1966, e em alguns quadros do pintor judeu russo Marc Chagall (1887-1985), por exemplo: Êxodo (de 1952-1966), A crucificação branca (de 1938), Eu e a aldeia (de 1911). Apesar de serem de gerações distintas, Malamud, filho de imigrantes judeus russos que foram para os Estados Unidos, e Chagall, ele mesmo imigrante ido para a França, ambos tematizam o lugar-lar de origem de suas respectivas famílias, o schtetl “pequena cidade”, em ídiche). Os schtetlekh foram pequenas cidades demarcadas na Polônia e na Rússia, durante o século 19 e início do século 20, centros da vida religiosa e cultural judaica. Para muitos judeus imigrantes da Europa Oriental e para os seus descendentes, o schtetl se tornou o locus mítico primordial e nostálgico, apesar da destruição provocada pelos pogroms e pelo Holocausto. Por isso, artistas como Malamud e Chagall recriaram a vida do schtetl em suas obras, recorrendo ao zékher, a memória individual e coletiva judaica, cuja transmissão ocorre mediante o ritual e a narrativa. Assim, a memória recria o espaço e o tempo, transgredindo cronologias, como visto em The fixer, de Malamud, e na pintura de Chagall, ao recorrem ao universo onírico e ao inconsciente, elementos do Surrealismo. Ademais, Malamud e Chagall tematizam o exílio, contestando o uso da crucificação de Jesus como pretexto antissemita. Malamud o faz com o personagem Yákov Bok, anti-herói que vive um autoexílio sob as implicações do histórico exílio coletivo judaico. Chagall o faz, a seu modo, também recriando a lenda de Ahasverus, o judeu errante.
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