Memórias de Sefarad: o marrano como performance identitária na contemporaneidade

Autores

  • Vívien Gonzaga e Silva Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.17851/1982-3053.5.9.121-129

Palavras-chave:

Inquisição, Marrano, Sefardita, Criptojudaísmo

Resumo

A partir da leitura de poemas que compõem o livro Memórias de Sefarad, de Leonor Scliar-Cabral, no qual se evidenciam vários traços da tradição sefardita, pretende-se abordar o fenômeno do “marranismo”. No século 15, ao mesmo tempo em que se instituía a designação de “cristão-novo” para o judeu convertido por ordem dos reis de Espanha, o rótulo “marrano” ‒ implicando aquele que simulava a conversão ao catolicismo enquanto mantinha a prática clandestina da fé judaica ‒ parece infiltrar-se no imaginário lentamente construído em torno do judeu de origem ibérica. Assim, o que poderia ficar circunscrito a um episódio da história do povo judeu, parece migrar no tempo e no espaço, acompanhando-o na diáspora, da sombra dos tribunais da Inquisição até os nossos dias. Acredita-se que a literatura pode constituir um espaço de problematização do marranismo como performance identitária, à medida que, no espaço da linguagem, como se verá na poesia de Scliar-Cabral, permite estabelecer um diálogo entre presente e passado como estratégia de resistência.

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Publicado

2011-10-30

Como Citar

Silva, V. G. e. (2011). Memórias de Sefarad: o marrano como performance identitária na contemporaneidade. Arquivo Maaravi: Revista Digital De Estudos Judaicos Da UFMG, 5(9), 121–129. https://doi.org/10.17851/1982-3053.5.9.121-129