O número 120 na Bíblia Hebraica como um parâmetro para a medida de tempo
DOI:
https://doi.org/10.17851/1982-3053.11.20.245-260Palavras-chave:
Bíblia Hebraica, Cento e Vinte, NúmerosResumo
Alguns números se destacam na Bíblia Hebraica pelo seu significado ou simbologia. O número cento e vinte é um deles. Além de suas qualidades matemáticas, o número cento e vinte possui qualidades simbólicas singulares. Esse número figura no Livro do Gênese como medida de tempo, no momento em que um limite de cento e vinte anos é decretado como expectativa máxima de vida do homem (Gn 6:3). Esse número também corresponde aos anos de vida do profeta Moisés (Dt 34:7). Além disso, o número cento e vinte está relacionado ao período de cento e vinte anos em que Noé construiu a arca para sobreviver ao dilúvio (Gn 6), aos cento e vinte dias em que Moisés esteve sobre o Monte Sinai em três períodos de quarenta dias cada, como também ao período de três gerações convencionais de quarenta anos cada, exemplificado pelo pacto de Deus com o povo de Israel: “...guardes todos os Seus estatutos e os Seus preceitos que eu te ordeno – tu, teu filho e o filho de teu filho...” (Dt 6:2). A Bíblia Hebraica pode, então, ser compreendida como um contrato entre Deus e o povo de Israel. Portanto, o teor simbólico do número cento e vinte se relaciona com sua subdivisão em três ciclos de quarenta anos cada, representado por uma instituição muito importante do mundo antigo: o contrato, que é celebrado entre três gerações convencionais, para as quais a Bíblia Hebraica atribui a extensão convencional de quarenta anos. E três gerações de quarenta anos representam exatamente cento e vinte anos. Além disso, é costume utilizarmos no hebraico moderno a expressão “‘aḏ mê-’āh wə-‘eś-rîm ”, desejando a alguém que viva até os cento e vinte anos, o que demonstra que o hebraico moderno está calcado em tradições antigas.
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