Sobre a carnavalização e a sexualidade no romance “A mulher que escreveu a Bíblia”, de Moacyr Scliar
DOI:
https://doi.org/10.35699/1982-3053.2024.54845Palavras-chave:
Carnavalização, Intertextualidade, Ironia, Moacyr Scliar, SexualidadeResumo
Este artigo analisa o romance “A Mulher Que Escreveu a Bíblia”, de Moacyr Scliar (1999), com foco em quatro principais conceitos: humor judaico, intertextualidade, ironia e carnavalização. O humor judaico, conforme discutido por Spalding (1997), Niskier (1994), e Scliar, Finzi e Toker (1990), é interpretado como uma forma de resistência cultural e expressão da complexa identidade judaica. A intertextualidade, explorada por Samoyault (2008) e Seixas (2018), revela-se essencial para entender como o texto dialoga com obras literárias anteriores, enriquecendo a narrativa com múltiplas camadas de sentido. A ironia, segundo Duarte (1994) e Hutcheon (2000), é utilizada como estratégia para questionar verdades estabelecidas, sendo ampliada pela concepção de ironia intertextual de Eco (2003). Por fim, o conceito de carnavalização, baseado em Bakhtin (1993), permite interpretar o romance como um espaço onde hierarquias são invertidas e autoridades desafiadas por meio do humor, subvertendo as expectativas sobre gênero, autoridade e religião. Com isso, conclui-se que Scliar utiliza esses recursos para promover uma reflexão crítica sobre as narrativas e ideologias dominantes, de maneira culturalmente significativa.
Downloads
Referências
BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. Tradução de Yara Frateschi Vieira. São Paulo/Brasília: HUCITEC/Editora da UnB, 1993.
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. 11 ed. Trad. Michel Lahud e Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 2004a.
BAKHTIN, Mikhail. Problemas da poética de Dostoiévski. 2. ed. Trad. Paulo Bezerra. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004b.
BÍBLIA. Português. Bíblia de Jerusalém. Trad. Gilberto da Silva Gorgulho. São Paulo: Paulus, 2003.
DUARTE, Lélia Parreira. Ironia, humor e fingimento literário. In: DUARTE, Lélia Parreira. Cadernos de Pesquisa: resultados da pesquisa ironia e humor na literatura. n. 15. Belo Horizonte: NAPq/FALE/UFMG, 1994, , p. 54-78.
ECO, Umberto. Ironia Intertextual e Níveis de Leitura. In: ECO, Umberto. Ensaios sobre a literatura. Tradução de Eliana Aguiar. Rio de Janeiro: Record, 2003, , p. 199-218.
FREITAS, Marcus Vinicius de. A leveza do centauro. Arquivo Maaravi: Revista Digital de Estudos Judaicos da UFMG, Belo Horizonte, v. 6, n. 11, out. 2012, , p. 1-10.
MATHEUS, Simone Guimarães. Sagradas apropriações: “A mulher que escreveu a Bíblia”, de Moacyr Scliar. 2011. 102f. Dissertação (Mestrado em Estudos Literários). Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2011.
NISKIER, Arnaldo. Sabedoria judaica. Petrópolis: Vozes, 1994.
POSSENTI, Sírio. Os humores da língua: análise linguística de piadas. Campinas: Mercado de Letras, 1998.
POSSENTI, Sírio. Humor, língua e discurso. Campinas: São Paulo: Contexto, 2010.
SAMOYAULT, Tiphaine. A intertextualidade. Tradução de Sandra Nitrini. São Paulo: Aderaldo & Rothschild, 2008.
SCLIAR, Moacyr. A mulher que escreveu a Bíblia. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
SCLIAR, Moacyr; FINZI, Patrícia; TOKER, Eliahu. Do Éden ao divã: humor judaico. São Paulo: Editora Shalom, 1990.
SPALDING, Henry D. Enciclopédia do humor judaico. Trad. Dagoberto Mensch. São Paulo: Editora e Livraria Sêfer, 1997.
TEZZA, C. Livro de Moacyr Scliar perturba com leveza. O Estado de São Paulo, 3 mai. 1997. Caderno 2, p. 1. Disponível em: < http://www.cristovaotezza.com.br/textos/resenhas/p_970503.htm
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Arquivo Maaravi: Revista Digital de Estudos Judaicos da UFMG

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
O autor cede os direitos autorais à revista Arquivo Maaravi. Os direitos de licenciamento utilizados pelo periódico estão sob a Licença Creative Commons do tipo atribuição BY: são permitidos o compartilhamento (cópia e distribuição do material em qualquer meio ou formato) e adaptação (remix, transformação e criação de material a partir do conteúdo assim licenciado para quaisquer fins, inclusive comerciais.



