“Ser caixão de lixo ou arquivo”

ambiguidades de um Museu cabralino

Auteurs

  • Edneia Rodrigues Ribeiro Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais (IFNMG) https://orcid.org/0000-0002-7070-7912

DOI :

https://doi.org/10.17851/2358-9787.29.2.159-181

Mots-clés :

Poéticas da modernidade, João Cabral de Melo Neto, Museu de tudo, poesia de circunstância, poesia crítica

Résumé

Resumo: O décimo quarto livro de João Cabral é apresentado no seu primeiro poema – “O museu de tudo” – como algo propenso à ambiguidade. De modo irônico, o sujeito poético o situa em duas pontas contrárias: tanto pode ser um caixão de lixo quanto um arquivo.  O aspecto ambíguo desse “poema-apresentação” perpassa o conjunto de 80 poemas que integram Museu de tudo (1975), livro a que tanto o seu autor quanto a crítica especializada definem como mais propenso ao circunstancial, embora também o relacionem ao exercício da poesia crítica. A partir da dualidade sugerida pela metáfora do Museu cabralino como um espaço onde se guardam preciosismos estéticos e rejeitos de menor valia, ao mesmo tempo, este trabalho pretende apontar como princípios poéticos aparentemente díspares – poesia crítica e poemas de circunstâncias – configuram-se como aspectos basilares de Museu de tudo.

Palavras-chave: Poéticas da modernidade; João Cabral de Melo Neto; Museu de tudo; poesia de circunstância; poesia crítica.

 

Biographie de l'auteur

  • Edneia Rodrigues Ribeiro, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais (IFNMG)

    Possui doutora em Letras - Estudos Literários (UFMG), mestrado em Letras - Estudos Literário (Unimontes), com tese e dissertação sobre a poesia de João Cabral de Melo Neto. Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais (IFNMG), atuando no ensino e na pesquisa na área de Linguagens, com ênfase em Língua Portuguesa e suas Literaturas.

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Publiée

2020-06-28

Numéro

Rubrique

Dossiê: João Cabral de Melo Neto, 100 anos