O que dizer da Paixão? A ampliação do sentido em G.H., de Lispector
DOI:
https://doi.org/10.17851/2358-9787.28.3.223-238Palavras-chave:
Lispector, Peirce, semiótica, paixão, primeiridadeResumo
Resumo: A partir de um mergulho na escrita esboçada, composta por fragmentos, em A Paixão Segundo G.H., discutimos, sob o ponto de vista da semiótica peirciana, a expansão de sentido em Lispector por meio do que ela mesma chamou de Travessia do Oposto. Ao tornar-se mais abstrata linguisticamente, a autora consegue atingir e descrever sensações de forma a tocar intimamente seu interlocutor. A base semiótica explica, teoricamente, as aproximações da escritora à qualidade dos objetos, colocando em protagonismo fenômenos densos e difíceis de serem descritos, por sua própria natureza, como é o caso do conceito de primeiridade, ligado à instância das sensações. Para isso, percorre-se o caminho de um simulacro do concreto ao abstrato, priorizando, assim, a expansão dimensional do que é passível de fazer sentido.
Palavras-chave: Lispector; Peirce; semiótica; paixão; primeiridade.
Referências
FLOCH, Jean-Marie. Alguns conceitos fundamentais em semiótica geral. In: Documentos de Estudo do Centro de Pesquisas Sociossemióticas. Tradução de Analice Dutra Pilar. Revisão de Ana Cláudia de Oliveira e Eric Landowski. São Paulo: Centro de Pesquisas Sociossemióticas, 2001.
FRONCKOWIAK, Ângela. O ato de narrar. In: Clarice Lispector: a narração do indizível. Porto Alegre: Artes e Ofícios: EDIPUC, 1998.
GREIMAS, A. J. Da imperfeição. São Paulo: Estação das Letras e Cores. 2017.
LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo G.H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
NUNES, Benedito (coord.). Nota Filológica. In: LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo G.H - Edição Crítica. Florianópolis: Editora da UFSC, 1988.
NUNES, Benedito. Leitura de Clarice Lispector. São Paulo: Quíron, 1973.
ORLANDI, Eni Puccinelli. As formas do silêncio. Campinas: Unicamp, 2002.
SÁ, Olga de. A escritura de Clarice Lispector. Petrópolis: Vozes, 1979.
SÁ, Olga de. Clarice Lispector: a travessia do oposto. São Paulo: Annablume, 1993.
SANTAELLA, Lúcia. O que é semiótica. São Paulo: Editora Braziliense, 1983.