Análise dos Projetos Pedagógicos dos Cursos de Licenciatura em Química Paranaenses: As Compreensões Tecidas à Luz do Enfoque CTSA
DOI:
https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2020u1001030Palavras-chave:
formação inicial de professores, cursos de Química, cidadaniaResumo
O contexto atual de intensas mudanças sociais e ambientais, decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico, apresenta como um de seus desafios a necessidade de propiciar a formação de profissionais para o exercício pleno da cidadania, participação em processos de tomadas de decisões, compreensão das relações entre Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente (CTSA), o que requer um novo posicionamento dos sujeitos. São aspectos que se coadunam com os objetivos do enfoque CTSA e devem permear os cursos de Licenciatura em Química. Desse modo, a presente pesquisa tenciona investigar como o enfoque CTSA tem sido contemplado e incorporado nos Projetos Pedagógicos de Cursos (PPC) de Licenciatura em Química das Instituições públicas de Ensino Superior localizadas no estado do Paraná. Para tanto, procedemos à análise desses documentos conforme os pressupostos da Análise Textual Discursiva (ATD). Da análise propriamente dita, identificamos aspectos como: formação para a cidadania; responsabilidade ética, social e/ou ambiental; atuação crítica, emancipadora e transformadora da realidade, os quais consistem em elementos do enfoque CTSA no direcionamento de uma formação humanística. Isso nos leva a compreender que os cursos de Licenciatura em Química analisados neste estudo reconhecem a importância de tal formação, pois o profissional docente deve ser formado com embasamento nos conhecimentos técnico-científicos e valores humanos, mas também para o entendimento da função social e política de sua profissão, de modo a se reconhecer enquanto profissional cidadão.
Downloads
Referências
Acevedo Díaz, J. A. (1996). Cambiando la práctica docente em la enseñanza de las ciências através de CTS. Organización de Estudios Latinoamericanos para la Educación la Ciencia y la Cultura. https://www.oei.es/historico/salactsi/acevedo2.htm
Auler, D. (2002). Interações entre Ciência-Tecnologia-Sociedade no contexto da formação de professores de Ciências. (Tese de Doutorado). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. http://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/82610
Auler, D. (2007). Enfoque Ciência-Tecnologia-Sociedade: Pressupostos para o contexto brasileiro. Ciência & Ensino, 1, 1–20. http://200.133.218.118:3535/ojs/index.php/cienciaeensino/article/viewFile/147/109
Azevedo, R. O. M., Ghedin, E., Silva-Foresberg, M. C. da, & Gonzaga, A. M. (2013). O enfoque CTS na formação de professores de Ciências e a abordagem de questões sociocientíficas. In Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (p. 9). Águas de Lindóia, SP. http://abrapecnet.org.br/atas_enpec/ixenpec/atas/resumos/R0325-1.pdf
Bastos, C. C. B. C. (2010). Ação docente e a formação crítico-humanista na universidade. In M. L. S. Szymanski, (org.), Aprendizagem e ação docente (pp. 99–109). Edunioeste.
Bazzo, W. A. (2018). Quase três décadas de CTS no Brasil: Sobre avanços, desconfortos e provocações. Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia, 11(2), 2018. http://dx.doi.org/10.3895/rbect.v11n2.8427
Brandão, M. M. (2018). O descarte de resíduos químicos e as relações entre Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) no ensino de Química. (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal do Amazonas, Manaus. https://tede.ufam.edu.br/bitstream/tede/7036/2/Disserta%C3%A7%C3%A3o_MagalyBrand%C3%A3o_PPGCIM.pdf
Calixto, V. dos S. (2019). Horizontes compreensivos da constituição do ser professor de química no espaço da prática como componente curricular. (Tese de Doutorado). Universidade Estadual de Maringá, Maringá. http://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/2452
Carvalho, A. M. P., & Pérez, D. G. (2011). Formação de professores de ciências: Tendências e inovações. 10. ed. Cortez.
Cenci, A. V., & Fávero, A. A. (2008). Notas sobre o papel da formação humanística na universidade. Revista Pragmateia Filosófica, 2(1). http://download.upf.br/notas_formacao_humanistica.pdf
CNE (Conselho Nacional de Educação) (2015). Resolução CNE/CP 02 de 1º de julho de 2015. Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada. http:// portal.mec.gov.br/docman/agosto-2017-pdf/70431-res-cne-cp-002-03072015-pdf/file
CNE (Conselho Nacional de Educação) (2019). Resolução CNE/CP Nº 2, de 20 de dezembro de 2019. Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica e institui a Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC-Formação). http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2019-pdf/135951-rcp002-19/file
Cortez, J., & Del Pino, J. C. (2018). As Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Licenciatura em Ciências da Natureza e o Enfoque CTS. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, 1(2), 27–47. https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec201818127
Fabri, F., & Silveira, R. M. C. F. (Orgs). (2018). Professores em ação: Ensino de Ciências para os anos iniciais em um enfoque Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS). São Carlos: Pedro & João Editores.
Figueiredo, M. C. (2011). Constatações a respeito da perspectiva CTSA na formação inicial de professores de Química. (Dissertação de Mestrado). Universidade Estadual de Maringá, Maringá. http://repositorio.uem.br:8080/jspui/handle/1/4428
Firme, R. do N., & Amaral, E. M. R. do. (2011). Analisando a implementação de uma abordagem CTS na sala de aula de química. Ciência & Educação,17(2), 383–399. https://dx.doi.org/10.1590/S1516-73132011000200009
Freire, P. (2011). Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à pratica educativa, Paz e Terra.
Freitas, N. M. D. S., & Marques, C. A. (2019). Sustentabilidade e CTS: o necessário diálogo na/para a Educação em Ciência em tempos de crise ambiental. Educar em Revista, 35(77), 265–282. https://doi.org/10.1590/0104-4060.61568
Iwasse, L. F. A., & Branco, E. P. (2018). Neoliberalismo e Trabalho: Dilemas da formação docente no Brasil. In R. Araújo. (Org.) Trabalho e Educação: Os dilemas do ensino público no Brasil (pp. 109–125), CRV.
Lopes, A. C. (2015). Por um currículo sem fundamentos. Linhas Críticas, 21(45), 445–466. http://periodicos.unb.br/index.php/linhascriticas/article/download/4581/4179
López Cerezo, J. A. (1998). Ciencia, Tecnologia y Sociedad: El estado de la cuéstión en Europa y Estados Unidos. Revista Iberoamericana de Educación, OEI, 18. https://www.researchgate.net/publication/28052448_Ciencia_tecnologia_y_sociedad_el_estado_de_la_cuestion_en_Europa_y_Estados_Unidos
Lüdke, M., & André, M. E. D. A. (1986). Pesquisa em educação: Abordagens qualitativas. EPU.
Magalhães, S. I. R., & Tenreiro-Vieira, C. (2006). Educação em Ciências para uma articulação Ciência, Tecnologia, Sociedade e Pensamento crítico: Um programa de formação de professores. Revista Portuguesa de Educação, 19(2), 85–110. http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0871-91872006000200005
Marcelo-García, C. (1999). Formação de Professores: Para uma mudança educativa. Editora Porto LDA.
MEC (Ministério da Educação) (2018). Resolução nº 4, de 17 de dezembro de 2018. Institui a Base Nacional Comum Curricular na Etapa do Ensino Médio (BNCC-EM), como etapa final da Educação Básica, nos termos do artigo 35 da LDB, completando o conjunto constituído pela BNCC da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, com base na Resolução CNE/CP nº 2/2017, fundamentada no Parecer CNE/CP nº 15/2017. 2018. http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2018-pdf/104101-rcp004-18/file
Membiela, P. (2005). Reflexión desde la experiencia sobre la puesta en práctica de la orientación Ciencia-Tecnología-Sociedad en la enseñanza científica. Educación Química, 16(3), 404–409. http://dx.doi.org/10.22201/fq.18708404e.2005.3.66103
Minayo, M. C. S. (org.). (2001). Pesquisa Social: Teoria, método e criatividade. 18. ed. Vozes.
Moraes, R., & Galiazzi, M. do C. (2007). Análise textual discursiva. 2. ed. Unijuí.
Moraes, R., & Galiazzi, M. do C. (2016). Análise Textual Discursiva. 3.ed. Unijuí.
Moreno Rodríguez, A. S. (2015). Educação química com enfoque CTS para a formação cidadã: Caminhos percorridos nas licenciaturas da UPN e da FURG (Colômbia-Brasil). (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande. http://repositorio.furg.br/handle/1/4878
München, S. (2016). A inserção da perspectiva CTS na formação inicial de professores de Química: implicações para o desenvolvimento profissional docente. (Tese de Doutorado). Universidade Federal de Santa Maria, Porto Alegre. https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/3557/MUNCHEN,%20SINARA.pdf?sequence=1&isAllowed=y
Niza, S. (1997). Formação Cooperada — Ensaio de Auto-Avaliação dos Efeitos da Formação no Projecto Amadora. Educa e Movimento da Escola Moderna Portuguesa.
Nunes, A. O. (2010). Abordando as relações CTSA no ensino da química a partir das crenças e atitudes de licenciandos: Uma experiência formativa no sertão nordestino. (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal. https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/16059
Parecer CNE/CES 1.303. (2001). Diretrizes Nacionais Curriculares para os Cursos de Química. Diário Oficial da União. http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES1303.pdf
Rodrigues, L. Z., Pereira, B., & Mohr, A. (2020). O Documento “Proposta para Base Nacional Comum da Formação de Professores da Educação Básica” (BNCFP): Dez Razões para Temer e Contestar a BNCFP. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, 20, 1–39. https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2020u139
Santos, R. C. da S. (2017). Ciência-Tecnologia-Sociedade: Suas interrelações e seu ensino nas concepções de licenciando em Química. (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão. https://ri.ufs.br/handle/riufs/5128
Santos, W. L. P. (2007). Contextualização no ensino de ciências por meio de temas CTS em uma perspectiva crítica. Ciência & Ensino, 1(especial), 1–12. http://143.0.234.106:3537/ojs/index.php/cienciaeensino/article/view/149/120
Santos, W. L. P. (2008). Educação científica humanística em uma perspectiva freireana: resgatando a função do ensino de CTS. Alexandria: revista de educação em ciência e tecnologia, 1(1), 109–131. https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=6170687
Santos, W. L. P. (2011). A Química e a formação para a cidadania. Educación química, 22(4), 300–305. http://www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0187-893X2011000400004
Santos, W. L. P. dos, & Mortimer, E. F. (2002). Uma análise de pressupostos teóricos da abordagem C-T-S (Ciência-Tecnologia-Sociedade) no contexto da educação brasileira. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências, 2(2), 110–132. https://doi.org/10.1590/1983-21172000020202
Sasseron, L. H., & de Carvalho, A. M. P. (2008). Almejando a alfabetização científica no ensino fundamental: A proposição e a procura de indicadores do processo. Investigações em ensino de ciências, 13(3), 333–352. https://www.if.ufrgs.br/cref/ojs/index.php/ienci/article/view/445
Saviani, D. Escola e Saber Objetivo na Perspectiva Histórico-Crítica. (2008). In D. Saviani, Pedagogia Histórico-Crítica: Primeiras aproximações (pp. 5–10). Autores Associados.
Schnetzler, R. P. (2002). A pesquisa em ensino de química no Brasil: conquistas e perspectivas. Química Nova, 25(1), 14–24. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-40422002000800004
Silva, M. A. A. da. (2016a). Ciência, Tecnologia e Sociedade, Experimentação e formação inicial de professores de Química: Explorando possibilidades. (Dissertação de Mestrado). Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Jequié. http://www2.uesb.br/ppg/ppgecfp/wp-content/uploads/2017/03/Mara-A-Alves-da-Silva.pdf
Silva, R. L., Almeida, E. dos S., Nascimento, E. S. do, & Prudêncio, C. A. V. (2019). Professores de Química em Formação Inicial: O que Pensam e Dizem sobre as Relações entre Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Sociedade. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, 19, 537–563. https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2019u537563
Silva, T. do N. (2016b). Análise da inserção de questões ambientais no currículo de formação de professores de Química. (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife. http://www.tede2.ufrpe.br:8080/tede2/handle/tede2/7445
Silva, T. T. da. (2005). Documentos de identidade: Uma introdução às teorias do currículo (2. ed.). Autêntica.
Strieder, R. B., Silva, K. M. A., Fernandes Sobrinho, M., & Santos, W. L. P. (2016). A educação CTS possui respaldo em documentos oficiais brasileiros? ACTIO: Docência em Ciências, 1(1), 87–107, 2016. http://dx.doi.org/10.3895/actio.v1n1.4795
Tolentino, P. C. (2017). Os estudos Ciência, Tecnologia e Sociedade e a Prática como Componente Curricular: Tensões, desafios e possibilidades na formação de professores nas Ciências Biológicas. (Tese de Doutorado). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/186146
Trivelato, S. L. F. (1999). A formação de professores e o enfoque CTS. Pensamiento Educativo, 24 (julio 1999), 201–234. https://pensamientoeducativo.uc.cl/files/journals/2/articles/149/public/149-374-1-PB.pdf
Vieira, R. M., & Martins, I. P. (2005). Formação de professores principiantes do ensino básico: suas concepções sobre ciência-tecnologia-sociedade. Revista Iberoamericana de Ciencia, Tecnología y Sociedad, 2(6), 101–121.
Vieira, R. M., Tenreiro-Vieira, C., & Martins, I. P. (2011). A educação em ciências com orientação CTS – atividades para o ensino básico. Areal Editores.
Vilches, A., Gil-Pérez, D., & Praia, J. De CTS a CTSA: Educação por um futuro sustentável. In W. P. Santos, D. Auler (Orgs.) CTS e Educação científica, desafio, tendências e resultados de pesquisa (pp. 161–184), Editora Universidade de Brasília (UdB).
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Rosilene dos Santos Oliveira, Neide Maria Michellan Kiouranis
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os autores são responsáveis pela veracidade das informações prestadas e pelo conteúdo dos artigos.
Os autores que publicam neste periódico concordam plenamente com os seguintes termos:
- Os autores atestam que a contribuição é inédita, isto é, não foi publicada em outro periódico, atas de eventos ou equivalente.
- Os autores atestam que não submeteram a contribuição simultaneamente a outro periódico.
- Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à RPBEC o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial neste periódico.
- Os autores atestam que possuem os direitos autorais ou a autorização escrita de uso por parte dos detentores dos direitos autorais de figuras, tabelas, textos amplos etc. que forem incluídos no trabalho.
- Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (por exemplo, publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Os autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (por exemplo, em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após a publicação visando aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
Em caso de identificação de plágio, republicação indevida e submissão simultânea, os autores autorizam a Editoria a tornar público o evento, informando a ocorrência aos editores dos periódicos envolvidos, aos eventuais autores plagiados e às suas instituições de origem.