Estratégias para o ensino de filosofia na graduação médica
reflexões e propostas pedagógicas
DOI:
https://doi.org/10.35699/2237-5864.2025.55124Palavras-chave:
educação médica, ensino superior, currículo, filosofia da medicinaResumo
O pensamento médico contemporâneo é pautado pela cientificidade que, embora fundamental, não abarca muitas das sutilezas, dúvidas e ambiguidades da prática clínica. A educação filosófica na graduação médica, ainda pouco explorada na literatura especializada, pode contribuir nesse aspecto. Este trabalho visa construir uma proposta pedagógica de ensino de filosofia na graduação médica, a partir dos seus principais campos: ontologia, epistemologia e ética. Utilizou-se a metodologia de desenho curricular em seis etapas, com foco nas quatro primeiras: avaliação de necessidades gerais, avaliação de necessidades específicas, estabelecimento de metas e objetivos e proposição de estratégias educacionais. A proposta foi embasada por fontes primárias (entrevistas com docentes) e secundárias (revisão de literatura). As entrevistas foram submetidas a uma análise de conteúdo temática. As necessidades gerais do currículo incluem o ensino multidisciplinar, centrado no aluno, baseado em problemas, ocorrendo em sala de aula e no ambiente de prática e permeando todo o currículo. As necessidades específicas consistem na promoção de uma formação crítica livre de preconceito epistêmico, no uso de estratégias atrativas de ensino, na capacitação docente e no reconhecimento das oportunidades de aprendizagem dos cenários de prática. As metas e objetivos do currículo são mensuráveis e se basearam nos achados das etapas anteriores. As estratégias educacionais descrevem uma disciplina curricular, um modelo de sessões didáticas em cenário prático e uma proposta de formação longitudinal.
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