Os amnésicos
uma história da desnaturação democrática brasileira
DOI:
https://doi.org/10.35699/2525-8036.2022.41121Palavras-chave:
Amnésicos, Democracia brasileira, Desnaturação, Inércia, MitoResumo
Neste trabalho, focalizam-se duas amnésias tipicamente brasileiras – a primeira apegada a uma postura cética quanto à possibilidade de quaisquer progressos sociais e a segunda, à crença desarrazoada em um passado quase idílico. Entrelaçando-as à vulgarização do texto constitucional, busca-se compreender a maneira pela qual o espectro dos primeiros amnésicos favorece o comportamento dos segundos, bem como a maneira pela qual ambos relacionam-se à aparição, no plano concreto, do risco à desnaturação constitucional-democrática. Para tanto, este trabalho observa como se dá o salto da descrença na efetividade normativa à indiferença política, terreno do qual falsários da história – mistificadores do passado e complotistas – irão se aproveitar e também perscruta as artimanhas utilizadas pelos segundos amnésicos para colocar em prática seus anseios. Ao fim deste projeto, vê-se que, embora permanente, a crise brasileira ganha novas feições quando a disputa pelo poder alcança o campo digital, espaço amplificador de fanatismos, de retóricas inverossímeis e de polarizações. Se se pretende compreender a democracia brasileira em seu estágio atual, pensa-se ser necessário, antes de tudo, analisar as mentalidades que a favoreceram; daí o desejo de investigar a potência das vozes amnésicas no cenário político brasileiro. É nesse sentido que se concebe a metáfora da nau dos amnésicos, com a qual o presente trabalho se inicia. Adentrando-a, verifica-se que é a partir do silêncio, da inércia, que a democracia se desnatura.
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