Neoliberalismo e a hegemonia dos afetos
política, identidade e o limiar democrático
DOI:
https://doi.org/10.35699/2525-8036.2023.46026Palavras-chave:
Neoliberalismo, Afetos, Política, IdentitarismoResumo
O presente trabalho opera argumentativamente que o triunfo do neoliberalismo reside na sua capacidade hegemônica de canalização das paixões políticas e sociais para o consumo, uma aptidão que se concretiza a partir da grande habilidade de adaptação a diferentes contextos políticos, econômicos e sociais que o neoliberalismo possui. Assim, a análise presente no trabalho parte do pressuposto de que os afetos são fundamentais para a política e que a convergência em torno de um espaço simbólico comum é essencial para a hegemonia de uma ideologia. Dessa forma, o neoliberalismo é triunfante em se estabelecer enquanto projeto hegemônico no ocidente frente a neoliberalização dos afetos. Contudo, sua ideologia implica na fragmentação das identidades coletivas capitaneadas pelo projeto individualista do identitarismo norte americano, abandonando a alteridade e as relações interpessoais, essenciais para a dimensão do político. Esse processo, assim, é acompanhado pelo êxodo político, cenário que se alia ao processo em que a esquerda atual se mostra incapaz de mobilizar paixões sociais e de responder aos problemas neoliberais. Como resultado, surgem movimentos anti-establishment que, apesar de ainda não ultrapassaram os limites da democracia, flertam com o autoritarismo. O trabalho busca, dessa forma, compreender como a política, a identidade e os limites da democracia são operados diante da neoliberalização dos afetos.
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