A estrutura repressiva da autocracia burguesa bonapartista no Brasil
a Operação Radar (1973-1976)
DOI:
https://doi.org/10.35699/2525-8036.2024.48191Palavras-chave:
Autocracia, Bonapartismo, Comunismo, Violência institucional, PCBResumo
A formação histórica brasileira se caracteriza por uma forma de dominação de classe e seu viés excludente e violento. No seu desenvolvimento surgem variações de domínio que possui como representante, em tempos de caos, o bonapartismo, uma forma que pressupõe a autonomia do Estado e a retirada do poder político da burguesia. Neste estudo, tendo como eixo temático o regime que se instaurou após o golpe de 1964, buscamos compreender as estruturas repressivas desse período e sua ligação direta com a caça ao Partido Comunista Brasileiro, materializada na Operação Radar (1973-1976), visando trazer para o debate se ela é uma expressão do bonapartismo, algo que até então se mostra escasso nas pesquisas sobre o tema. As fontes analisadas foram produzidas pelo Centro de Informações do Exército (CIE), que foi de um órgão ligado diretamente ao exército na sistematização de informações e elaboração de documentos. Na ocasião, o CIE estava ligado à II seção do Exército, contando com apoio do Destacamento de Operação Interna (DOI), então localizado no Arquivo do Estado de São Paulo. A pesquisa tem como base metodológica a análise de fontes da repressão e para auxílio no tratamento dessas terá como referência os trabalhos dos historiadores Caroline Silveira Bauer e Mariana Joffily. O trabalho seguinte se insere dentro da linha de pesquisa da História Social.
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