A utopia e sua atualidade
a democracia como radicalização instituinte da política na reconstrução do comum
DOI:
https://doi.org/10.35699/2525-8036.2017.5026Palavras-chave:
Utopia, Política, ComumResumo
O presente artigo busca problematizar a utopia frente aos desafios da afirmação democrática em um mundo crescentemente siderado pelo atomismo individualista e pela concepção neoliberal que pretende naturalizá-lo. Utopia que é dotada de uma formidável ambiguidade semântica, atravessando os tempos modernos, diferentes ideologias e representações de mundo, o que dificulta a tarefa de definir um conceito que funcione como instrumento operatório de consensos mínimos acerca do seu significado. Para além das inevitáveis divergências de interpretação, sublinha-se no artigo o papel crucial da utopia como elemento antecipatório da construção política e jurídica de novos modelos civilizatórios, de organização da sociedade, de redelimitação de racionalidades. Particularmente, intenta-se provar a atualidade da utopia democrática, em sua plenitude substancialista, agonística, a confundir-se com o projeto emancipatório socialista/comunista, a despeito das tensões existentes no campo marxiano e marxista acerca da utopia, em decorrência da larga difusão de uma ideia cientificista e apologética da ciência como presumido conhecimento superior e exaustivo do real. Contudo, tal dicção está longe de esgotar a fertilidade das referências teóricas marxistas e os reptos que lhe são lançados pelos ventos totalitários de mercado da pós-modernidade, pois somente com o reconhecimento ineliminável da utopia poderemos resgatar a veia instituinte da política, inscrita na democracia, hoje obtemperada aos desígnios do procedimentalismo vazio e do privatismo sem peias.
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