A herança colonial na representação brasileira no Congresso Nacional a partir de um recorte de gênero

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35699/2525-8036.2025.54610

Palavras-chave:

Representação feminina, Colonialidade, Participação, Congresso Nacional

Resumo

Este artigo tem como objetivo principal demonstrar a existência de uma herança colonial na representação brasileira no Congresso Nacional a partir de um recorte de gênero. Essa herança colonial pode ser demonstrada através das estruturas de poder vigentes criadas com base em um esquema básico de poder que perpetua estruturas de dominação econômicas, políticas e culturais fundadas no período colonial e reproduzidas nos períodos subsequentes como no Império, nas Repúblicas e na contemporaneidade pós Constituição de 1988. Para isso é necessário fazer um recorte temporal e revisitar a possibilidade de participação feminina a partir da aquisição de direitos políticos ativos e passivos no Brasil, ou seja, o direito de votar e ser votada, para então, a partir de uma premissa decolonial, baseada na colonialidade do poder evidenciar essa herança colonial que perpetua uma representação majoritariamente masculina no poder. O trabalho se estrutura em três partes. Sendo assim, na primeira parte desse artigo é trabalhada a ideia de esquema básico de poder no Brasil, na segunda uma breve história do voto e o início da representação parlamentar feminina no Congresso Nacional, e na terceira busca-se demonstrar a herança colonial desse esquema básico de poder na representação a partir do recorte de gênero. Trata-se de uma pesquisa exploratória baseada em uma metodologia de natureza qualitativa de abordagem decolonial tendo como método principal a pesquisa bibliográfica e documental.

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Biografia do Autor

  • Ilana Alo Cardoso Ribeiro, Universidade Estácio de Sá

     Estágio Pós-doutorado em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil. Doutora em Direito pelo PPGD/UFRJ. Mestre em Ciências Políticas pela FLACSO (Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais), Equador (Diploma revalidado pela UFMG). Mestre em Direito Constitucional pelo PPGDC/UFF sanduíche com a Universidad Andina Simón Bolívar sede Equador. Pós-graduada (lato senso) em história do Brasil pela UNESA. Professora, pesquisadora, extensionista e na Universidade Estácio de Sá (UNESA), Brasil.  Pesquisadora do laboratório INPODDERALES/UFRJ. Lattes: http://lattes.cnpq.br/1662158210795276. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1984-410X. Contato: ilanaaloribeiro@gmail.com

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Publicado

06-07-2025

Como Citar

RIBEIRO, Ilana Alo Cardoso. A herança colonial na representação brasileira no Congresso Nacional a partir de um recorte de gênero. Revista de Ciências do Estado, Belo Horizonte, v. 10, n. 1, p. 1–25, 2025. DOI: 10.35699/2525-8036.2025.54610. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/revice/article/view/e54610. Acesso em: 5 dez. 2025.