Chamada para o Dossiê: Memória, techné e demora
Podemos desacelerar os tempos? Se a tecnologia incorpora conhecimentos de outros modos de conhecer e viver a materialidade do mundo, o que ela pode fazer é alterar o curso do tempo. Tecnologias podem despertar nossa sensibilidade para a necessidade da demora, para olhar outras formas de habitar o mundo, e de estar nele em tempos mais dilatados.
Partimos da ideia da técnica como uma externalização da memória, na linha do que sugere Bernard Stiegler em sua discussão sobre a técnica e o tempo, quando afirma que a memória humana foi originalmente exteriorizada, o que significa pensá-la, antes de tudo, como técnica. Para o autor, o ato de escrever um manuscrito, esculpir, pintar, desenhar nos leva de encontro à tangibilidade do visível. Dessa maneira, o pensamento se reflete, torna-se repetível e transmissível. Uma vez exteriorizada através da técnica, a memória humana estende o saber dos humanos, ao mesmo tempo que lhes escapa e os ultrapassa. Nesse sentido, uma técnica carrega uma marca, um vestígio do ato que a criou, mas também faz com que eles se transformem ao longo do tempo. A técnica transporta em si várias camadas temporais sobrepostas.
As tecnologias, em sua conexão com a técnica, incorporam um saber sobre o mundo, além do gesto que informa esse saber (a técnica). Trazem em si várias relações que cada pessoa ou grupo social estabelece com o seu entorno. Ao produzir relações, uma tecnologia carrega narrativas em si. Uma tecnologia é uma forma de estruturar o tempo, de reorganizá-lo.
Convidamos pessoas artistas, antropólogas, musicistas, arqueólogas, pessoas das mais diversas áreas para pensarmos como as tecnologias podem criar demora.
Prazo de submissão: 05 de novembro de 2023
Os artigos selecionados irão compor a edição maio/ago de 2024
Normas gerais:
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Submissão: https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistapos/about/submissions
Comitê editorial do dossiê:
Carlos Henrique Falci (UFMG)
Mariana Petry Cabral (UFMG)
Eduardo de Jesus (UFMG)
Alexandre Sequeira (UFPA