Projeto DIVISA

ou a travessia como trabalho instaurador de modos de existência

Autores

  • Lindomberto Ferreira Alves Doutorando em Artes pelo Programa de Pós-Graduação em Artes da Universidade Federal do Pará (PPGArtes/UFPA)

DOI:

https://doi.org/10.35699/2238-2046.2023.45206

Palavras-chave:

Projeto DIVISA, Rubiane Maia, Instauração, Divisa, Vida-obra

Resumo

Neste ensaio são estabelecidos alguns enlaces reflexivos junto ao Projeto DIVISA (2022), instalação online da artista Rubiane Maia, derivada de sua jornada pela região da divisa entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Busca-se, aqui, captar os modos de um fazer que culmina menos na criação de uma obra do que na afirmação da travessia como trabalho instaurador de modos de existência. Modos que permitam com que você se sinta atraída/e/o para se aproximar dessa experiência de Maia em (re)estabelecer uma relação de contato e fusão com esta faixa territorial de fronteira-limite, a fim de desvelar e ressignificar as numerosas camadas da sua história individual e social, que pairam neste “entre-terras”.

Biografia do Autor

Lindomberto Ferreira Alves, Doutorando em Artes pelo Programa de Pós-Graduação em Artes da Universidade Federal do Pará (PPGArtes/UFPA)

Lindomberto Ferreira Alves (Ceilândia, Brasil - 1985) é artista-educador, pesquisador, crítico e curador independente. Doutorando em Artes pelo PPGArtes-UFPA [2021-], com bolsa da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (FAPESPA). Mestre em Artes pelo PPGA-UFES [2020]. Licenciado em Artes Visuais pelo Centro Universitário Araras Dr. Edmundo Ulson - UNAR/SP [2020] e Bacharel em Arquitetura e Urbanismo pela FAUFBA [2013]. É membro do grupo de pesquisa "Curadoria e Arte Contemporânea", coordenado pela Prof.ª Dr.ª Ananda Carvalho (DAV-UFES); e integra a equipe editorial do website "Plataforma de Curadoria", plataforma virtual focada na investigação e discussão de processos de criação em curadoria. Possui textos publicados em eventos, catálogos e revistas especializados nos campos da história, teoria e crítica de arte. Produziu o projeto de site specifc "Arena Comum" [2015-2016], em parceria com o Célula EMAU-UFES (Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo), do DEA-UFES, Vitória/Es e São Mateus/ES, Brasil. É co-gestor da plataforma virtual de arte e cultura "PROFAN[AÇÕES]: [com]partilhando diferentes modos de habitar [n]a contemporaneidade" [2013-2020]. Foi um dos artistas-educadores responsáveis pelo projeto educativo e programa público da exposição projeto "Tirante" [2021]. Atuou como mediador cultural das exposições: "Cidades Abstratas" [2019], "Sensibilidades Reveladas" [2018], "O Grande Veleiro" [2018] e "A Maré da Vida" [2018]. Participou, como artista, das exposições coletivas: "3ª Edição da Mostra Videografias - Videografias do Convívio" [2021], "Continuidades: Mostra de Arte Contemporânea no Espaço On-line" [2020], "CTRL ZIL | Davisuais 2019" [2019] e "MERGULHO_estratégias para emergir" [2018]. Foi curador da exposição "No tempo da espera" [2020], e co-curador das exposições "Mulheres Artistas no Acervo da UFES" [2021], "LIMBO | Experimentações em tempos pandêmicos" [2021], "Fórum da Imagem: Construção de Imagens Urgentes" [2020], "Do escuro do nosso tempo" [2020], "GRADUARTES 2019: Limiares labirínticos" [2019], "I Mostra Nacional de Audiovisual ES: Há um lugar para a arte?" [2019] e "Sobre a pele da cidade" [2013]. Desde 2018 integra o trio "FURTACOR" - em parceria com as artistas Amanda Amaral e Phoebe Coiote - cujos trânsitos entre trabalho de arte, curadoria, historiografia, educação e crítica, têm buscado pôr em circulação espaços-tempos de mutações poético-epistemológicas que problematizem os cânones das narrativas hegemônicas que orbitam os campos da arte e da cultura na contemporaneidade. Autor do livro "Rubiane Maia: corpo em estado de performance" [2021] - obra realizada com recursos da Lei Aldir Blanc, via Edital de Seleção de Projetos e Concessão de Prêmio Artes Integradas 2020, por intermédio da SECULT/ES.

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Publicado

2023-12-18

Como Citar

ALVES, L. F. Projeto DIVISA: ou a travessia como trabalho instaurador de modos de existência. PÓS: Revista do Programa de Pós-graduação em Artes da EBA/UFMG, Belo Horizonte, v. 13, n. 29, p. 134–155, 2023. DOI: 10.35699/2238-2046.2023.45206. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistapos/article/view/45206. Acesso em: 29 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos - Seção aberta