Atravessamentos do tempo na prática de pesquisa

entre a objetividade dos prazos e a subjetividade do conhecimento

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35699/2238-2046.2024.48799

Palavras-chave:

Tempo, pesquisa, produção acadêmica, desaceleração

Resumo

Quais temporalidades atravessam a prática de pesquisa acadêmica? Além da definição formal dos cronogramas, quais são os tempos de uma investigação? Este texto delineia aspectos da relação do tempo com as práticas de pesquisa, nas intersecções entre a objetividade dos prazos e a temporalidade desacelerada dos sujeitos pesquisadores. Por meio de pesquisa bibliográfica, ancorada na reflexividade das atividades de orientação de pesquisa, sugere-se a existência de três temporalidades na investigação acadêmica: (1) o contexto de uso social do tempo dentro de uma lógica neoliberal objetivada nos (2) prazos definidos por universidades e agências nos quais se desenvolvem (3) os vários procedimentos envolvidos em uma pesquisa. Esses aspectos são discutidos a partir do lugar dos sujeitos na elaboração do conhecimento. 

Biografia do Autor

Luis Mauro Sá Martino, Faculdade Cásper Líbero

Doutor em Ciências Sociais pela PUC-SP, professor da Faculdade Cásper Líbero, professor visitante junto ao PPGCOM da UFMG.

Ângela Cristina Salgueiro Marques, UFMG

Professora Associada do Departamento de Comunicação Social e do PPGCOM da UFMG.

Referências

ADAM, Barbara. The Timescales Challenge: Engagement with the Invisible Temporal. In: EDWARDS,

Rosalind (org.). Research Lives Through Time: Time, Generation, and Life Stories. Leeds: Economic

and Social Research Council, 2008. p. 7-12. (Timescape Working Papers Series, n. 1).

ADORNO, Theodor W. Tempo livre. In: ADORNO, Theodor W. Palavras e sinais. Petrópolis: Vozes, 2000.

p. 70-82.

ALVES-MAZZOTTI, Alda Judith. A “revisão da bibliografia” em teses e dissertações: meus tipos

inesquecíveis – o retorno. In: BIANCHETTI, Lucídio; MACHADO, Ana Maria Netto (org.). A bússola do

escrever: desafíos e estratégias na orientação e escrita de teses e dissertações. 3. ed. São Paulo:

Cortez, 2012. p. 41-59.

BACHELARD, Gaston. A formação do espírito científico: contribuição para uma psicanálise do

conhecimento. Rio de Janeiro: Contraponto, 2005.

BARATA, Rita de Cássia Barradas. Avaliação da produção acadêmica. Avaliação, v. 27, n. 3, p. 429-445,

dez. 2022.

BASSO, Cláudia et al. Organização de tempo e métodos de estudos. Revista Brasileira de

Orientação Profissional, v. 14, n. 2, p. 277-288, jul-dez. 2013.

BERGMANN, Werner. The Problem of Time in Sociology: An Overview of the Literature on the State of

Theory and Research on “Sociology of Time”. Time & Society, v. 8, n. 1, p. 81-95, 1992.

BOURDIEU, Pierre. As regras da arte. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

BOURDIEU, Pierre. O desencantamento do mundo. São Paulo: Perspectiva, 2021.

BRAGA, Paula. Arte contemporânea: modo de usar. São Paulo: Elefante, 2021.

CARELLI, Maria José Guimarães; SANTOS, Acácia Aparecida Angeli dos. Condições temporais e

pessoais de estudo em universitários. Psicologia Escolar Educacional, v. 2, n. 3, p. 265-278, 1998.

COHEN, Elizabeth F. The Political Value of Time. Cambridge: Cambridge University Press, 2018.

COSTA, Ericka Loane Ferreira dos Santos. Mulher, maternidade e vida acadêmica. 2023. 51 f.

Monografia (Graduação em Administração) – Universidade Federal de Rondônia, Vilhena, 2023.

CRARY, Jonathan. O capitalismo tardio e os fins do sono. São Paulo: Ubu, 2021.

DERRIDA, Jacques. Demorar, Maurice Blanchot. Florianópolis: Editora UFSC, 2015.

ELIAS, Norbert. Sobre o tempo. Rio de Janeiro: Zahar, 2011. Publicado originalmente em 1984.

FRANÇA, Vera V.; PRADO, José Luiz Aidar. Comunicação como campo de cruzamentos, entre as

estatísticas e o universal vazio. Questões transversais, v. 1, n. 2, p. 76-82, jul.-dez. 2013.

FREITAS, Maria Ester de. Viva a tese: um guia de sobrevivência. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2001.

HARVEY, David. A condição pós-moderna. São Paulo: Loyola, 1999.

HENRIQUES, Cláudio César; SIMÕES, Darcilia. A redação de trabalhos acadêmicos. 3. ed. Rio de

Janeiro: Eduerj, 2004.

HESS, Remi. Produzir sua obra: o momento da tese. Brasília: Liber Livro, 2005.

HOLFORD-STREVENS, Leofranc. The History of Time. Oxford: Oxford University Press, 2005.

HOLLIDAY, Adrian. Doing and Writing Qualitative Research. London: Sage, 2016.

KUHLMANN JR., Moysés. Produtivismo acadêmico, publicação em periódicos e qualidade das

pesquisas. Cadernos de Pesquisa, v. 45, n. 158, p. 838-855, out./dez. 2015.

LEITE, Umbelina R.; TAMAYO, Álvaro; GÜNTHER, Hartmut. Organização do tempo e valores de

universitários. Avaliação Psicológica, v. 1, n. 1, p. 57-66, 2003.

MARQUES, Bruna Guimarães. Promoção do gerenciamento do tempo em universitários:

contribuições para a vida acadêmica. 2019. 51 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Instituto de

Educação, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, 2019.

MARTINO, Luis Mauro Sá. Da teoria à metodologia: um ensaio sobre a construção de projetos em

Comunicação. Revista Comunicação Midiática, v. 11, n. 2, p. 22-35, ago.-dez. 2016.

MARTINO, Luis Mauro Sá. Uma banca de defesa: delineamentos de uma performance em guias online

para candidatos. Esferas, n. 20, p. 192-210, 2021.

MARTINO, Luis Mauro Sá. Sem tempo para nada: como tudo ficou acelerado, porque estamos tão

cansados e as alternativas realistas. Petrópolis: Vozes, 2022.

MARTINO, Luis Mauro Sá; MARQUES, Ângela. A afetividade do conhecimento na epistemologia.

Matrizes, v.1, n. 8, p. 217-234, 2018.

MARTINO, Luiz C. Apontamentos epistemológicos sobre a fundação e a fundamentação do campo

comunicacional. In: CAPPARELLI, Sérgio et al. A comunicação revisitada. Porto Alegre: Sulina, 2005.

p. 31-45.

MARX, Karl. Grundrisse. São Paulo: Boitempo, 2011.

MEDEIROS, João Bosco; TOMASI, Carolina. Redação de artigos científicos. São Paulo: Atlas, 2016.

MEIRA, Ana Cláudia Santos. A escrita científica no divã. Porto Alegre: Sulina, 2016.

MOURA, Aline C.; CRUZ, Andreia G. Ensino superior e produtividade acadêmica em tempos de

pandemia. Artes de Educar, v. 6, n. especial, p. 222-244, jun.-out. 2020.

NYGAARD, Lynn. Writing for Scholars. 2nd ed. London: Sage, 2015.

OLIVEIRA, Thaiane. Acabou o quadriênio, e agora? E-Compós, v. 23, p. 1-17, set.-dez. 2020.

OLIVEIRA, Thaiane et al. E se os editores de revistas científicas parassem? A precarização do trabalho

académico para além da pandemia. Contracampo, v. 39, n. 2, p. 2-14, 2020.

PESCUMA, Derna; CASTILHO, Antonio Paulo F. de. Trabalho acadêmico: o que é? Como fazer? São

Paulo: Olho d’Água, 2002.

PINTO, Maria da Graça Lisboa Castro. Os meandros da escrita académica. Alguns recados aos

estudantes universitários. Linha D’Água, v. 31, n. 1, p. 9-27, jan.-abr. 2018.

RESHEF, N. Writing Research Reports. In: FRANKFORT-NACHMIAS, Chava; NACHMIAS, David;

DEWAARD, Jack. Research Methods in the Social Sciences. New York: St. Martin’s Press, 1996. p. 553-

ROSA, Helmut. Aceleração: a transformação das estruturas temporais na modernidade. São Paulo:

Editora Unesp, 2018.

ROSS, Alison. Acting Through Inaction: The Distinction Between Leisure and Reverie in Jacques

Rancière’s Conception of Emancipation. Journal of French and Francophone Philosophy, v. XXVII,

n. 2, p. 76-94, 2019.

RUSSI-DUARTE, Pedro. Por que ensinar Teoria (da Comunicação)? In: FERREIRA, Giovandro;

HOHLFELDT Antonio; MARTINO, Luiz C.; MORAIS, Osvando (org.). Teorias da Comunicação:

trajetórias investigativas. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2010. v. 1, p. 95-115.

SANTOS, Elaine M. A aceleração do tempo e o declínio da experiência na contemporaneidade.

Impulso, v. 28, n. 71, p. 95-104, jan-abr. 2018.

SILVA, Elizabeth M. Os mistérios que envolvem a escrita acadêmica. In: AGUSTINI, Cármen; BERTOLDO,

Ernesto. (org.). Incursões na escrita acadêmico-universitária. Uberlândia: EDUFU, 2017. p. 141-152.

SILVA, Larice Santos; SILVA, Sílvia Maria Cintra da. A aprendizagem do ofício de estudante

universitário. Psicologia em Revista, v. 25, n. 3, p. 960-978, dez. 2019.

SILVA, Maria Gorete Rodrigues da. Labirintos de espaços e tempos no cotidiano universitário: o

académico de administração Universidade Caxias do Sul/Canela. 2009. 195 f. Tese (Doutorado em

Educação) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009.

SILVA, Obdália Santana Ferraz. Escrita acadêmico-científica: a labuta com signos e significações.

358 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia,

Salvador, 2012.

SILVEIRA, Letícia. Escrita na universidade: um estudo etnográfico acerca dos desafíos do fazer

científico de estudantes no ensino superior. 2021. 179 f. Dissertação (Mestrado em Lingüística) –

Centro de Educação e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2021.

SOARES, Adriana Benevides et al. Gestão do tempo: percepções de gerenciamento com estudantes

de Pós-Graduação. Revista Brasileira de Orientação Profissional, v. 23, n. 2, p. 151-161, jul.-dez.

URPIA, Ana Maria de Oliveira; SAMPAIO, Sonia Maria Rocha. Tornar-se mãe no contexto acadêmico:

dilemas da conciliação maternidade-vida acadêmica. Revista do Centro de Artes, Humaniadades e

Letras, v. 3, n. 2, p. 30-44, 2009.

WAJCMAN, Judy. Life in the Fast Lane? Towards a Sociology of Technology and Time. The British

Journal of Sociology, v. 59, n. 1, p. 59-76, 2008.

WAKELING, Simon. Academic Communities. Journal of Documentation, v. 75, n. 1, p. 120-139, 2019.

ZANDONÁ, Claudiane; CABRAL, Fernanda Beheregray; SULZBACH, Cintia Cristina. Produtivismo

acadêmico, prazer e sofrimento: um estudo bibliográfico. Perspectiva, v. 38, n. 144, p. 121-130, dez.

Downloads

Publicado

2024-04-01 — Atualizado em 2024-05-13

Versões

Como Citar

MARTINO, L. M. S.; MARQUES, Ângela C. S. Atravessamentos do tempo na prática de pesquisa: entre a objetividade dos prazos e a subjetividade do conhecimento. PÓS: Revista do Programa de Pós-graduação em Artes da EBA/UFMG, Belo Horizonte, v. 14, n. 30, p. 59–85, 2024. DOI: 10.35699/2238-2046.2024.48799. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistapos/article/view/48799. Acesso em: 19 nov. 2024.

Edição

Seção

Dossiê