Estilhaços, monstros e próteses
a atualidade da colagem em obras de artistas brasileiros contemporâneos
DOI:
https://doi.org/10.35699/2238-2046.2025.59329Palavras-chave:
colagem, necropolítica, imagem dialética, pós-humanismo, novo materialismoResumo
Para remontar a narrativa histórica é preciso destruí-la, operar a partir de seus estilhaços, alerta Walter Benjamin. Os trabalhos artísticos aqui analisados armam quebra-cabeças mnemônicos que não sabemos se estão em construção ou em plena ruína, ímpeto entrópico que é, precisamente, o centro nervoso da colagem. Por meio de estudos de caso e da experimentação textual com o glossário, este ensaio crítico busca armar constelações significantes compostas por diferentes materialidades – discursivas, temporais, territoriais, corporais –, apostando na fragmentação. Recorrendo a fontes artísticas e teóricas, de Benjamin ao pós-humanismo e novo materialismo, necropolítica, capitalismo gore, além de uma obra artística de minha autoria, procuro seguir de perto a estratégia benjaminiana para colocar em prática o método da imagem dialética.
Downloads
Referências
AGAMBEN, Giorgio. Homo Sacer: o poder soberano e a vida nua I. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.
BARAD, Karen. Meeting the Universe Halfway: Quantum Physics and the Entanglement of Matter and Meaning. Durham: Duke University Press, 2007.
BENJAMIN, Walter. Teoria do conhecimento, teoria do progresso. In: BENJAMIN, Walter. Passagens. São Paulo: Imprensa Oficial, 2006. p. 499-530.
BENNETT, Jane. Vibrant Matter: A Political Ecology of Things. Durham: Duke University Press, 2010.
BERNARDINO, Lígia et al. (org.). Pós-humano. Que futuro? Antologia de textos teóricos. Ribeirão, Portugal: Húmus, 2020.
BRAIDOTTI, Rosi. The Politics of “Life Itself” and New Ways of Dying. In: COOLE, Diana; FROST, Samantha. New Materialisms: Ontology, Agency, and Politics. Durham: Duke University Press, 2010. p. 201-220.
BRAIDOTTI, Rosi. Pós-humanismo: a vida além do sujeito. In: BERNARDINO, Lígia et al. (org.). Pós-humano. Que futuro? Antologia de textos teóricos. Ribeirão, Portugal: Húmus, 2020. p. 79-110.
BRASILEIRO, Castiel Vitorino. Quando o sol aqui não mais brilhar: a falência da negritude. São Paulo: n-1 edições, 2022.
BROPHY, Philip. Horrality: The Textuality of Contemporary Horror Film. Screen, v. 27, n. 1, p. 2-13, Feb. 1986.
BRUYN, Dirk de. Recovering the Hidden Through Found-Footage Films. In: BARRETT, Estelle; BOLT, Barbara (ed.). Carnal Knowledge: Towards a “New Materialism” Through the Arts. London: I.B. Tauris, 2013. p. 89-104.
BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
BUTLER, Judith. Vida precária: os poderes do luto e da violência. Belo Horizonte: Autêntica, 2019.
CHUVA, Márcia Regina Romero. Parque do Flamengo: projetar a cidade, desenhando patrimônio. Anais do Museu Paulista, v. 25, n. 3, p. 139-166, dez. 2017.
COOLE, Diana; FROST, Samantha. New Materialisms: Ontology, Agency, and Politics. Durham: Duke University Press, 2010.
CREED, Barbara. The Monstrous-Feminine: Film, Feminism, Psychoanalysis. London: Routledge, 1993.
DIDI-HUBERMAN, Georges. Diante do tempo: História da arte e anacronismo das imagens. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2015.
DOLPHJIN, Rick; TUIN, Iris van der. New Materialism: Interviews & Cartographies. Michigan: Open Humanities Press, 2012.
DUNKER, Christian Ingo Lenz. Novos tipos clínicos na psicanálise dos anos 2010. In: VIANA, Terezinha de Camargo et al. (org.). Psicologia clínica e cultura contemporânea. Brasília: Liber Livros, 2012. p. 227-241.
ERNST, Max. Qual é o mecanismo da colagem? (1936). In: CHIPP, Herschel B. Teorias da arte moderna. São Paulo: Martins Fontes, 1999. p. 432.
GAMBLE, Christopher N. et al. O que é o novo materialismo? (Des)troços: Revista de pensamento radical, v. 2, n. 2, p. 188-219, 2021. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/article/view/36348. Acesso em: 10 ago. 2025.
HALBERSTAM, Judith. Skin Shows: Gothic Horror and the Technology of Monsters. Durham: Duke University Press, 1995.
HALBERSTAM, Jack. A arte queer do fracasso. Recife: Cepe, 2020.
HALL, Stuart. Cultura e representação. Rio de Janeiro: Editora PUC-Rio: Apicuri, 2016.
HARAWAY, Donna. Ficar com o problema: fazer parentes no Chthluceno. São Paulo: n-1 edições, 2023.
JAIN, Sarah S. The Prosthetic Imagination: Enabling and Disabling the Prosthesis Trope. Science, Technology, & Human Values, v. 24, n. 1, p. 31-54, 1999.
KRISTEVA, Julia. Powers of Horror: An Essay on Abjection. New York: Columbia University Press, 1982.
LANGE-BERNDT, Petra (org.). Materiality. London: Whitechapel Gallery; Cambridge, MA: MIT Press, 2015.
MACEDO, Káritha Bernardo de. A imagem de Carmen Miranda como representação da brasilidade: questionamentos e interpretações a partir de seus filmes na Boa Vizinhança. MODAPALAVRA, Florianópolis, v. 13, n. 28, p. 257-296, jun. 2020.
MBEMBE, Achille. Necropolítica. Arte & Ensaios, Rio de Janeiro, v. 2, n. 32, p. 123-151, 2016.
MOREMAN, Christopher et al. Race, Oppression and the Zombie: Essays on Cross-Cultural Appropriations of the Caribbean tradition. Jefferson, NC: McFarland & Company, 2011.
PERA, Luiz Renato Montone. Morto-vivo: breve glossário crítico. Art Research Journal: Revista de Pesquisa em Artes, v. 11, n. 2, p. 1-25, 2024. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/artresearchjournal/article/view/33307. Acesso em: 6 jul. 2025.
PRECIADO, Beatriz. Manifesto contrassexual. São Paulo: n-1 edições, 2014.
PURIFOY, Noah et al. 66 Signs of Neon. Los Angeles, [1966-1971]. Disponível em https://www.noahpurifoy.com/66signs. Acesso em: 3 jul. 2024.
REYES, Xavier Aldana. Consuming Mutilation: Affectivity and Corporeal Transgression on Stage and Screen. 2012. Thesis (PhD) – Faculty of Arts and Social Sciences, Lancaster University, Lancaster, UK, 2012.
REYES, Xavier Aldana. Horror Films and Affect: Towards a Corporeal Model of Viewership. New York; London: Routledge, 2016.
SARAIVA, Renato; JÚNIOR, Ronaldo Herrlein. Os mecanismos da dependência: uma análise das relações Brasil-Estados Unidos (1930-1964). Porto Alegre: UFRGS/FCE/DERI, 2014.
SHAVIRO, Steven. The Cinematic Body. Minneapolis: The University of Minnesota Press, 2006.
SILVA, Denise Ferreira da. Em estado bruto. ARS, São Paulo, v. 17, n. 36, p. 45-53, 2019.
SILVA, Denise Ferreira da. O evento racial ou aquilo que acontece sem o tempo. In: MASP. Histórias afro-atlânticas: antologia. São Paulo: Masp, 2022. p. 492-498.
SOBCHACK, Vivian. A Leg To Stand On: Prosthetics, Metaphor, and Materiality. In: SMITH, Marquard; MORRA, Joanne (ed.). The Prosthetic Impulse: From a Posthuman Present To a Biocultural Future. Cambridge, MA: MIT Press. 2006. p. 17-41.
TSING, Anna Lowenhaupt. The Mushroom at the End of the World: On the Possibility of Life in Capitalist Ruins. Princeton, NJ: Princeton University Press, 2015.
VALENCIA, Sayak. Capitalismo gore. Santa Cruz de Tenerife, España: Melusina, 2010.
WILLIAMS, Linda. Film Bodies: Gender, Genre, and Excess. Film Quarterly, v. 44, n. 4, p. 2-13, Summer 1991.
WOLFE, Cary. O que é o pós-humanismo? In: BERNARDINO, Lígia et al. (org.). Pós-humano. Que futuro? Antologia de textos teóricos. Ribeirão, Portugal: Húmus, 2020. p. 49-77.
WOOD, Robin; GRANT, Barry Keith (ed.). Robin Wood on the Horror Cinema: Collected Essays and Reviews. Detroit: Wayne State University Press, 2018.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Luiz Renato Montone Pera

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado
- É responsabilidade dos autores a obtenção da permissão por escrito para usar em seus artigos materiais protegidos por lei de Direitos Autorais. A Revista PÓS não é responsável por quebras de direitos autorais feitas por seus colaboradores.







