CHAMADA ALETRIA - v. 35, n. 4 (out. - dez. 2025) Dossiê: Eduardo Lourenço, o Brasil e o Impensado Colonial
CHAMADA ALETRIA - v. 35, n. 4 (out. - dez. 2025)
Eduardo Lourenço, o Brasil e o Impensado Colonial
Organizadores:
Sabrina Sedlmayer (Universidade Federal de Minas Gerais)
Margarida Calafate Ribeiro (Universidade de Coimbra)
Roberto Vecchi (Universidade de Bolonha)
Prazo para submissão: 04 de março de 2025
Há, na obra do pensador português Eduardo Lourenço, uma notável e relativamente pouco estudada reflexão acerca do Brasil. Quando chegou à Bahia para lecionar em 1958-1959, os vestígios ruinosos do império colonial no Nordeste o sensibilizaram. Tornou-se amigo de Glauber Rocha e viu, através do distanciamento que o exílio oferecia, a situação da Europa e o abandono dos projetos coloniais. Lourenço observa, de longe, a Argélia e a França e, neste momento, começa a interrogar-se sobre a África, antecipando, em grande medida, o que aconteceria na Guerra Colonial em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau, escrevendo textos que conhecemos pela rubrica de Estudos Culturais, décadas depois.
A proposta deste número, longe de querer sintetizar um pensamento que defende veementemente a heterodoxia, pretende recortar, na obra deste escritor, a singular experiência de leitor e crítico da literatura brasileira. Durante sete décadas, de 1945 a 2016, pensou e escreveu sobre o Brasil sob diferentes ângulos: língua, cinema e literatura. No entanto, no discurso de seu doutoramento honoris causa na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1995, comenta que, ao rever sua trajetória e bibliografia, o lugar do Brasil lhe parecia vazio.
Convidamos a comunidade acadêmica a refletir, juntos, sobre dois impensados que assombram, ao mesmo tempo que tecem, o pensamento de Eduardo Lourenço: o impensado colonial e o impensado salazarista e as suas profundas relações para compreender o "problema" Portugal e o "mistério" Brasil.
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