CHAMADA ALETRIA v. 33, n. 1 (jan-fev-mar 2023) – Dossiê: Natureza e violência
Dossiê: Natureza e violência
Nos últimos anos, uma série de estudos nos campos da filosofia, das epistemologias ameríndias, da teoria da literatura e da estética tem apresentado reflexões em torno da natureza e de suas representações em obras literárias e visuais, considerando tanto a imaginação utópica que a ela se refere quanto a noção de natureza como paisagem dilapidada ou espaço de violência e trauma. Tendo em vista que a natureza enquanto ruína remete não só ao imaginário romântico, mas também às ruínas socioambientais da modernidade, a literatura e as artes visuais expõem e problematizam o desaparecimento e a dilapidação da paisagem natural ao mesmo tempo em que desencadeiam processos de rememoração em torno da paisagem perdida. Crimes socioambientais como Bophal, Fukushima, Chernobyl, Mariana, Brumadinho, a destruição do bioma da Amazônia e a recente pandemia de COVID-19 (fruto da destruição das florestas originarias) têm alterado profundamente tanto a nossa visão do futuro, como colocado em questão a possibilidade de sobrevivência da humanidade e de Gaia.
As novas percepções do ambiente natural, afetadas por esses eventos distópicos cada vez mais intensos no mundo contemporâneo, impactam os paradigmas tradicionais da representação literária e artística da natureza. Sendo assim, o presente dossiê da revista Aletria propõe reflexões em torno das imagens das paisagens submetidas à violência e a processos sistemáticos de destruição, tais como a mineração e o extrativismo em geral; a violência contra regiões de florestas e contra os povos originários; as catástrofes ecológicas; a crueldade contra os seres não humanos; assim como as imagens da natureza hostil à vida humana e as das paisagens perdidas e rememoradas presentes em obras literárias e das artes visuais.
Subtemas encampados pelo dossiê:
- Literatura/artes como dispositivos de inscrição das catástrofes e crimes ambientais;
- A crise do modelo de natureza herdado do romantismo;
- Novas epistemologias ameríndias e a mudança nos paradigmas estéticos-literários;
- Literatura e artes como expressões de uma ética do cuidado em oposição à lógica espoliadora e destruidora que caracteriza o capitalismo liberal;
- Compaixão animal;
- Colonialidade e destruição de Gaia: literatura e artes como resistência e sobrevivência;
- Testemunho da violência contra a natureza: novas vozes;
- Ficção científica como gênero distópico;
- O retorno do recalcado: A revolta da natureza;
- Natureza hostil e atos de violência;
- A natureza hostil em narrativas de horror;
- Feminismos, natureza e violência.
Prazo para submissão: 15 de junho de 2022.
Organizadores: Elisa Amorim (UFMG), Élcio Cornelsen (UFMG) e Márcio Seligmann-Silva (Unicamp)