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  • CHAMADA ALETRIA - v. 35, n. 4 (out. - dez. 2025) Dossiê: Eduardo Lourenço, o Brasil e o Impensado Colonial

    2024-09-23

    CHAMADA ALETRIA - v. 35, n. 4 (out. - dez. 2025)

    Eduardo Lourenço, o Brasil e o Impensado Colonial

    Organizadores:

    Sabrina Sedlmayer (Universidade Federal de Minas Gerais)
    Margarida Calafate Ribeiro (Universidade de Coimbra)
    Roberto Vecchi (Universidade de Bolonha)

    Prazo para submissão: 04 de março de 2025

    Há, na obra do pensador português Eduardo Lourenço, uma notável e relativamente pouco estudada reflexão acerca do Brasil. Quando chegou à Bahia para lecionar em 1958-1959, os vestígios ruinosos do império colonial no Nordeste o sensibilizaram. Tornou-se amigo de Glauber Rocha e viu, através do distanciamento que o exílio oferecia, a situação da Europa e o abandono dos projetos coloniais. Lourenço observa, de longe, a Argélia e a França e, neste momento, começa a interrogar-se sobre a África, antecipando, em grande medida, o que aconteceria na Guerra Colonial em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau, escrevendo textos que conhecemos pela rubrica de Estudos Culturais, décadas depois.

    A proposta deste número, longe de querer sintetizar um pensamento que defende veementemente a heterodoxia, pretende recortar, na obra deste escritor, a singular experiência de leitor e crítico da literatura brasileira. Durante sete décadas, de 1945 a 2016, pensou e escreveu sobre o Brasil sob diferentes ângulos: língua, cinema e literatura. No entanto, no discurso de seu doutoramento honoris causa na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1995, comenta que, ao rever sua trajetória e bibliografia, o lugar do Brasil lhe parecia vazio.

    Convidamos a comunidade acadêmica a refletir, juntos, sobre dois impensados que assombram, ao mesmo tempo que tecem, o pensamento de Eduardo Lourenço: o impensado colonial e o impensado salazarista e as suas profundas relações para compreender o "problema" Portugal e o "mistério" Brasil.

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  • CHAMADA ALETRIA - v. 35, n. 3 (jul. - set. 2025) Dossiê: A comédia, da formação clássica à modernidade

    2024-06-05

    CHAMADA ALETRIA - v. 35, n. 3 (jul. - set. 2025) 

    Organizadores:

    Elen de Medeiros (UFMG), Rodrigo Alves Nascimento (UFBA)

    Prazo para submissão: 4 de dezembro de 2024 

    A comédia, da formação clássica à modernidade

    Gênero ao mesmo tempo subestimado e de difícil apreensão, a comédia passou e tem passado por transformações históricas em sua constituição poética. Se Aristóteles observou que a comédia trata da “mimese de homens inferiores” (p. 67), o trecho tem sido objeto de exegese em diversos estudos do gênero e muitos o tomaram como razão para um histórico rebaixamento do gênero. No entanto, Cleise Furtado Mendes (2008, p. 49) observa, em seu estudo sobre as formas da comédia, que “não se pode atribuir a Aristóteles a ‘origem’ do rebaixamento crítico de que foi vítima”. Afinal, na própria Poética, o filósofo reconhece: “As transformações da tragédia e os autores que a introduziram não foram ignorados, por outro, a origem da comédia, visto que nenhum interesse sério lhe foi inicialmente dedicado, permaneceu oculta” (p. 67). Fato é que, na teoria do drama, os estudos dedicados à comédia são escassos e irregulares, muito embora a produção dramatúrgica cômica seja profícua e sempre presente. Não à toa, no Brasil, muitos historiadores e críticos de teatro não hesitarão em dizer que, no século XIX, a comédia de costumes foi sem dúvidas o gênero que mais floresceu entre nós e teve papel decisivo na formação do que se chamou “dramaturgia nacional”.

    Por outro lado, as investigações acerca da comicidade e do riso não são menos complexas e talvez só nos últimos dois séculos se tornaram objeto de interesse de campos muito distintos, como a medicina, a antropologia, a história e a filosofia. De modo geral, ainda que muitos insistam na busca de regras universais, o que fica evidente é que a construção do cômico e os sentidos do riso não podem escapar à sua contextualização, tampouco à sua dimensão social.

    Nesse sentido, convidamos pesquisadores a pensar sobre as formas da comédia e do cômico em sua tradição e à luz das transformações modernas e contemporâneas. Isso porque o gênero, talvez até mais que a tragédia ou os “dramas sérios”, se beneficiou de ricas mudanças e adaptações ao longo da história, produzindo uma vasta tradição de subgêneros: comédia alta e baixa, burlesca, de caráter, de costumes, de capa e espada, heroica, lacrimosa... ou ainda: farsas, vaudevilles e mesmo tragicomédias. Por isso, serão aceitos artigos que abordem o gênero em sua constituição formal ou apropriado por outros modelos dramatúrgicos, do teatro épico brechtiano ao besteirol, ou artigos que busquem compreender a formação da comicidade nos textos teatrais diversos. A Aletria ainda recebe textos em fluxo contínuo, para a seção “Varia”, entrevistas e resenhas.

    Referências:

    ARISTÓTELES. Poética. Edição bilingue. Tradução, introdução e notas de Paulo Pinheiro. São Paulo: Ed. 34, 2015.

    MENDES, Cleise Furtado. A gargalhada de Ulisses: a catarse na comédia. São Paulo: Perspectiva/Salvador: Fundação Gregório de Mattos, 2008.

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