Selfie da periferia: pensando a autorrepresentação através da literatura marginal e da fotografia de Bira Carvalho
DOI:
https://doi.org/10.17851/2317-2096.24.2.49-62Palavras-chave:
Subalternidade, figurações identitárias, autorrepresentação, fotografia, favelaResumo
A partir de um diálogo entre a Literatura Marginal ou Periférica e a produção discursivo-imagética do fotógrafo Bira Carvalho, morador da Favela da Maré, o presente estudo revela uma cena de produção simbólica onde o território da periferia enfeixa toda uma rede de representações a partir das quais se desconstroem preconceitos e estigmas, fortalecendo estratégias de pertencimento e processos identitários. Buscamos discutir mais particularmente o papel do recorte e a exploração do detalhe para a construção de um novo olhar na medida em que, nesse cenário de disputas simbólicas, o enquadramento da paisagem humana e social reflete figurações identitárias e o lócus do discurso. Tentamos ainda pensar em que medida uma obra bastante focada, com um recorte muito particular de um mero detalhe do mundo da periferia, pode propiciar o surgimento de questionamentos das representações hegemônicas e dos preconceitos que orientam a forma de imaginar a favela.
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