Tradução de Beckett ou uma lição sobre o folgar

Autores

  • Olga Donata Guerizoli Kempinska Universidade Federal Fluminense

DOI:

https://doi.org/10.17851/2317-2096.25.2.241-253

Palavras-chave:

Samuel Beckett, tradução, poéticas multilíngues, translinguismo

Resumo

Tomando como ponto de partida comentários de tradutores de Samuel Beckett, o artigo se debruça sobre a noção do translinguismo enquanto produção de sentido entre línguas. O tradutor polonês do breve texto Sans/Lessness, Antoni Libera, e a tradutora brasileira do How it is, Ana Helena Souza, frisam, de fato, a importância da presença de dois textos e de duas línguas como pontos de partida da tradução para a terceira língua. Com isso, ambos tradutores insistem na subversão da noção de “original” e afirmam o processo da autotradução beckettiana, no qual uma língua constantemente comenta a outra, como inerente e indispensável ao processo criativo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Olga Donata Guerizoli Kempinska, Universidade Federal Fluminense

Olga Guerizoli Kempinska possui graduação e mestrado em Filologia Românica pela Uniwersytet Jagiellonski de Cracóvia e doutorou-se em História Social da Cultura pela PUC-Rio. Atualmente é professora de Teoria da Literatura no Departamento de Ciências da Linguagem da Universidade Federal Fluminense. Publicou em 2011 o livro Mallarmé e Cézanne: obras em crise. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Teoria da Literatura, atuando principalmente nos seguintes temas: estética da recepção, relação entre mímesis e emoções, poéticas do trans- e multilinguismo.

Referências

ABBOTT, H. Porter. Beginning Again: The Post-narrative Art of Texts for Nothing and How It Is. In: PILLING, John. (Org.). The Cambridge Companion to Beckett. Cambridge (UK): Cambridge University Press, 1994. p. 106-123.

ADORNO, Theodor W. Sinais de pontuação. In: ADORNO, Theodor W. Notas de literatura. Tradução de Jorge de Almeida. São Paulo: Duas Cidades; Editora 34, 2003. v. I, p. 141-149.

ANZIEU, Didier. Beckett. Paris: Seuil/Archimbaud, 2004.

BECKETT, Samuel. Como é. Tradução de Ana Helena Souza. São Paulo: Iluminuras, 2003.

BECKETT, Samuel. How It Is. New York: Grove, 1995.

BECKETT, Samuel. L’image. Paris: Minuit, 2009.

BECKETT, Samuel. Primeiro amor. Tradução de Waltensir Dutra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1987.

BECKETT, Samuel. Têtes-mortes. Paris: Minuit, 2007.

BECKETT, Samuel. The Complete Short Prose 1929-1989. New York: Grove, 1995.

BEER, Ann. “Beckett’s bilingualism”. In. PILLING, John. (Org.). The Cambridge Companion to Beckett. Cambridge (UK): Cambridge University Press, 1994. p. 209-221.

CLÉMENT, Bruno. L’Œuvre sans qualités. Rhétorique de Samuel Beckett. Paris: Seuil, 1994.

COETZEE, Jean M. Samuel Beckett’s Lessness: An Exercise in Decomposition. Springer, n. 7, p. 195-198, 1973.

COHN, Ruby. Samuel Beckett Self-Translator. Modern Language Association, n. 76, p. 613-621, 1961.

DELEUZE, Gilles. Louis Wolfson, ou o procedimento. In: DELEUZE, Gilles. Crítica e clínica. Tradução de Peter Pál Pelbart. São Paulo: Editora 34, 1997. p. 17-30.

DELEUZE, Gilles. The Exhausted. In: DELEUZE, Gilles. Essays Critical and Clinical. London: Verso, 1998. p. 152-174.

DERRIDA, Jacques. Des tours de Babel. In: DERRIDA, Jacques. Psyché. Inventions de l’autre. Paris: Galilée, 1987. p. 203-236.

FRIES-DIECKMANN, Marion. Beckett lernt Deutsch: The Exercise Book. In: FISCHER-SEIDEL, Therese; FRIES-DIECKMANN, Marion (Org.). Der unbekannte Beckett: Samuel Beckett und die deutsche Kultur. Frankfurt: Suhrkamp, 2005. p. 208-223.

ISER, Wolfgang. Der Implizite Leser. München: W. Fink, 1994.

JANVIER, Ludovic. Beckett. Rio de Janeiro: José Olympio, 1988.

KRISTEVA, Julia. Polylogue. Paris: Seuil, 1997.

LEMINSKI, Paulo. Anseios crípticos. Curitiba: Criar, 1986.

LIBERA, Antoni. Godot i jego cień. Cracóvia: Znak, 2009.

RAMOS, Nuno. Ó. São Paulo: Iluminuras, 2009.

SALLENAVE, Danièle. Em torno do “monólogo interior”: leitura de uma teoria. In: AA.VV. Masculino, feminino, neutro. Ensaios de semiótica narrativa. Tradução de Tania Franco Carvalhal et al. Porto Alegre: Globo, 1976. p. 105-126.

SOUZA, Ana Helena. A tradução como um outro original. Como é de Samuel Beckett. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2006.

WORTH, Katherine. Beckett on the world stage. In: MURRAY, Christopher (Org.). Samuel Beckett 100 Years. Dublin: New Island, 2006. p. 145-155.

Downloads

Publicado

2015-12-03

Como Citar

Kempinska, O. D. G. (2015). Tradução de Beckett ou uma lição sobre o folgar. Aletria: Revista De Estudos De Literatura, 25(2), 241–253. https://doi.org/10.17851/2317-2096.25.2.241-253

Edição

Seção

Dossiê - Tradução Comentada