Patriotas, embriagados e outros românticos

Autores

  • Cilaine Alves Cunha Universidade de São Paulo

Palavras-chave:

romantismo brasileiro, nacionalismo, historicismo literário, nationalism, literaly historicism, Brazilian romanticism

Resumo

Resumo: A literatura produzida no Brasil entre 1836 e 1860 não necessariamente configura gerações distintas, mas ecoa a complexidade contraditória do moderno sistema de produção de mercadorias. O artigo coteja as diferenças e a padronização de critérios com que o historicismo literário de Sílvio Romero e José Verísimo estabelece fases para o romantismo brasileiro. Nesta ótica, a obra de Gonçalves Dias, Gonçalves de Magalhães, Álvares de Azevedo, Bernardo Guimarães, Manuel Antônio de Almeida, Sousândrade, entre outras, participa de um mesmo tempo artístico contraditório e divergente. A modificação nesse contexto ocorre a partir de fins de 1860 com a crise econômica e política do país, a campanha abolicionista e republicana e a voga do positivismo, convivendo com o momento de produção da obra de Castro Alves e dos últimos romances de José de Alencar.

Palavras-chave: romantismo brasileiro; nacionalismo; historicismo literário.


Abstract: The literature produced in Brazil between 1836 and 1860 does not necessarily configure distinct generations, but echoes the contradictory complexity of the modern commodity production system. The paper compares the differences and the standardization of criteria with which the literary historicism of Silvio Romero and José Verísimo establishes phases for Brazilian romanticism. From this point of view, the work of Gonçalves Dias, Gonçalves de Magalhães, Álvares de Azevedo, Bernardo Guimarães, Manuel Antonio de Almeida, Sousândrade, among others, participates in the same contradictory and divergent artistic time. The change in this context occurs from the late 1860s with the country’s economic and political crisis, the abolitionist and republican campaign, and the vogue of positivism, coexisting with the moment of production of Castro Alves’ work and José de Alencar’s last novels.

Keywords: Brazilian romanticism; nationalism; literaly historicism.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Cilaine Alves Cunha, Universidade de São Paulo

Professora livre-docente de Literatura Brasileira na Universidade de São Paulo, é autora de O belo e o disforme. Álvares de Azevedo e a ironia romântica.

Referências

AZEVEDO, Álvares de. Obras completas de Álvares de Azevedo. Organização de Homero Pires. 8. ed. Rio de Janeiro: Cia. Editora Nacional, 1942.

ALENCASTRO, Luiz Felipe de. Vida privada e ordem privada no Império. In: NOVAIS, Fernando Antônio; ALENCASTRO, Luiz Felipe de (Orgs). História da vida privada no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. v. 2, p. 11-94.

BERLIN, Isaiah. As raízes do romantismo. Tradução de Isa Mara Lando. São Paulo: Três Estrelas, 2015.

BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 48. ed. São Paulo: Cultrix, 2012.

BOSI, Alfredo. Literatura e resistência. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira. Belo Horizonte: Editora Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1975. 2 v.

CANDIDO, Antonio. Romantismo e modernidade. Curso de pós-graduação ministrado na Unesp-FCLA, Assis, 1989. 6 fitas cassetes.

DIAS, Gonçalves. Obras poéticas de Gonçalves Dias. Organização e notas de Manuel Bandeira. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1944.

DIAS, Maria Odila Silva. A Interiorização da metrópole. In: MOTA, Carlos Guilherme (org). 1822: Dimensões. São Paulo: Perspectiva, 1972. p. 160-186.

FRAGOSO, João Luís; SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. A política no Império e no início da República Velha. In: LINHARES, Maria Yedda (org). História geral do Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 1991. p. 197-232.

GUIMARÃES, Bernardo. Reflexões sobre a poesia brasileira. In: SOUZA, Roberto Acízelo (org.). Historiografia da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Editora Caetés, 2014. p. 245-259.

GOMES JÚNIOR, Guilherme Simões. Palavra peregrina: o barroco e o pensamento sobre as artes e letras no Brasil. São Paulo: Edusp; Fapesp, 1998.

HOLANDA, Sérgio Buarque de. Prefácio. In: MAGALHÃES, Gonçalves de. Suspiros poéticos e saudades. 5. ed. Brasília: Editora UNB, 1998. p. IX-XXXI.

IGLÉSIAS, Francisco. Trajetória política do Brasil:1500-1964. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

LÖWY, Michael; SAYRE, Robert. Revolta e melancolia. Tradução de Nair Fonseca. São Paulo: Boitempo Editoria, 2015.

MACHADO, Alcântara. Gonçalves de Magalhães ou o romântico arrependido. São Paulo: Livraria Acadêmica, 1936.

MAGALHÃES, Gonçalves de. Ensaio sobre a história da literatura brasileira. Nitheroy, revista brasiliense: sciencias, lettras e artes, Paris, n. 1, t. 1, p. 132-187, 1836. Edição fac-similada. Disponível em: <https://digital.bbm.usp.br/bitstream/bbm/6859/1/45000033223_Tomo%20primeiro%2c%20n%c3%bamero%201.o.pdf>. Acesso em: 27 nov. 2021.

MAGALHÃES, Gonçalves de. Lede. In: MAGALHÃES, Gonçalves de. Suspiros poéticos e saudades. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1998. p. 39-46.

MAGALHÃES, Gonçalves de. A revolução da província do Maranhão desde 1839 até 1840: memória histórica e documentada. São Luiz: Typographia do Progresso, 1858. Disponível em: <https://digital.bbm.usp.br/view/?45000008697&bbm/4156#page/10/mode/2up>. Acesso em: 15 ago. 2021.

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. O manifesto do partido comunista. Tradução de Sérgio Tellalori e Paulina Wacht. São Paulo: Penguim-Companhia, 2012. p. 46.

MONTEIRO, Hamilton de Mattos. Da Independência à vitória da ordem. In: LINHARES, Maria Yedda (org). História Geral do Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 1991. p. 125-143.

PAZ, Octavio. Os filhos do barro: do romantismo à vanguarda. 2. ed. Tradução de Ari Roitman e Paulina Wacht. São Paulo: Cosac Naify, 2013.

ROCHA, João Cezar de Castro. História. In: JOBIM, José Luís (org.). Introdução ao romantismo. Rio de Janeiro: Editora da UERJ, 1999. p. 31-63.

ROMERO, Silvio. A litteratura brazileira e a crítica moderna: ensaio de generalização. Rio de Janeiro: Imprensa Industrial – de João Paulo Ferreira Dias, 1880. Disponível em: <https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=midias&id=143209>. Acesso em: 17 out. 2021

ROMERO, Silvio. Compêndio da história da literatura brasileira. Organização de Luiz Antonio Barreto. Rio de Janeiro: Imago/ Ed. da Universidade Federal de Sergipe, 2001.

ROMERO, Silvio. Evolução do lyrismo brazileiro. Recife: Typ. de J. B. Edelbrock – antiga casa Laemmert, 1905. Disponível em: <http://digital.bbm.usp.br/view/?45000008660&bbm/4746#page/1/mode/2up>. Acesso em: 30 nov. 2021.

ROMERO, Silvio. História da litteratura brasileira (1500 a 1830). 2. ed. Rio de Janeiro: H. Garnier, 1902. 2 t. Disponível em: <http://bibdig.biblioteca.unesp.br/handle/10/6569>. Acesso em: 05 dez. 2021.

VERÍSSIMO, José. História da literatura brasileira. 5. ed. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1969.

Downloads

Publicado

2023-01-01

Como Citar

Cunha, C. A. (2023). Patriotas, embriagados e outros românticos. Aletria: Revista De Estudos De Literatura, 32(3), 97–118. Recuperado de https://periodicos.ufmg.br/index.php/aletria/article/view/37954

Edição

Seção

Dossiê: Romantismo e Classicismo: atualidades de uma velha batalha