No lugar do narrador tagarela, a crítica tagarela
sobre a dialética da explicação em Ulisses, de James Joyce
DOI:
https://doi.org/10.35699/2317-2096.2025.55138Palavras-chave:
Ulisses, explicação, interpretaçãoResumo
O primeiro passo argumentativo deste artigo consiste em apresentar e discutir as descontinuidades narrativas que caracterizam a primeira parte de Ulisses, de James Joyce. Intimamente ligado à técnica do monólogo interior e à verossimilhança psicológica, o estilo, nesse momento, é marcado por vazios, falhas e lacunas. Por isso, o narrador atuante aqui contrasta agudamente com aquele do realismo, que, ao explicar tudo, defendemos, tagarelava. A ideia central do texto é a de que parte significativa das explicações do romance, quase que um gênero à parte, ao se propor preencher tais vazios, falhas e lacunas, reinstaura esse narrador na forma comentário. Do percurso traçado surge uma dialética da explicação: esclarecer, elucidar, desvendar são produtivos quando estão à serviço da interpretação; em sua ausência, são meros agentes de capital simbólico de um Ulisses agora rendido à indústria da (alta) cultura.
Downloads
Referências
BLAMIRES, Harry. The New Bloomsday Book: A Guide Through Ulysses. New York: Routledge, 2009.
BLOOM, Harold. Gênio. Tradução de José Roberto O´Shea. São Paulo: Objetiva, 2003.
BOOKER, M. Keith. Joyce, Bakhtin and the Literary Tradition: Toward a Comparative Cultural Poetics. Ann Arbor: The University of Michigan Press, 1995.
DURÃO, Fabio Akcelrud. Modernismo e coerência: quatro capítulos de uma estética negativa. São Paulo: Nankin Editorial, 2012.
DURÃO, Fabio Akcelrud. Em defesa da dificuldade. In: JOYCE, James. Ulysses. Tradução e organização de Caetano W. Galindo. São Paulo: Companhia das Letras, 2022. p.719-726.
DURÃO, Fabio Akcelrud. Indústria cultural. In: JOBIM, José Luís; ARAUJO, Nabil. Novas palavras da crítica (III). Rio de Janeiro: Edições Makunaima, 2024. p. 229-245.
DURÃO, Fabio Akcelrud. Metodologia de pesquisa em literatura. São Paulo: Parábola, 2020.
GIFFORD, Don; SEIDMAN, Robert J. Ulysses Annotated: Notes for James Joyces Ulysses. Berkeley: Los Angeles: London: University of California Press, 1988.
JAMESON, Frederic. The Modernist Papers. London: Verso, 2016.
JOYCE, James. Ulysses. Tradução de Caetano Galindo. São Paulo: Penguin Classics; Companhia das Letras, 2012.
JOYCE, James. Ulysses. The Gabler Edition. New York: Random House, 1986.
JOYCE, James. Dublinenses. Tradução de Caetano W. Galindo. São Paulo: Penguin; Companhia das Letras, 2013.
KENNER, Hugh. Joyces Voices. Berkeley: University of California Press, 1978.
KENNER, Hugh. Circe. In: HART, Clive; HAYMAN, David (ed.). James Joyces Ulysses: Critical Essays. Berkeley and Los Angeles: University of California Press, 1974. p. 341-62.
PERLOFF, Marjorie. The Poetics of Indeterminacy: Rimbaud to Cage. United States of America: Princeton University Press, 1981.
PERUCHI, Camila Hespanhol. Ulysses e o monólogo interior: consequências e origens. Tese de doutorado (Doutorado em Teoria e História Literária) – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, São Paulo, 2022.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Camila Hespanhol Peruchi, Fabio Akcelrud Durão (Autor)

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja The Effect of Open Access).



