História da literatura e consciência historiográfica: um diálogo entre a escrita e a recepção
DOI:
https://doi.org/10.17851/2317-2096.25.1.243-252Palabras clave:
História da Literatura e recepção, historiografia literária, consciência historiográficaResumen
A História da literatura, assim como todo e qualquer registro historiográfico, a partir de vertentes que puseram em xeque o discurso histórico, encontra-se, hoje, problematizada. Revelou-se nada menos do que a necessidade de fala daqueles foram deixados à margem do eixo hegemônico e que sofrem até nossos tempos uma insuficiência representacional, mantendo essas vozes literárias em um estado de subalternidade: um não lugar nas narrativas oficiais. Por isso, diferente da historiografia tradicional, incumbida de selecionar obras e autores considerados dignos e representantes das letras de uma nação, a história literária contemporânea busca um caráter plurivocal, nos obrigando a uma reconsideração daquilo que temos como cânone. No entanto, cabe-nos perguntar, se é possível hoje, mesmo consciente de todas as armadilhas deste discurso historiográfico, não se criar, na tentativa de se “preencher” as lacunas de uma história literária posta como verdade, outro discurso semelhante. Ou melhor: como abordar um sistema literário e não repetir a forma tradicional, que consiste na seleção arbitrária de determinados autores e exclusão de outros, criando, assim, novos cânones e deixando os demais, novamente, à margem? Será que todo o problema da historiografia literária está, necessariamente, nela, ou seria seu receptor também culpado por determinadas questões, que estariam ligadas a uma não percepção de uma visível consciência historiográfica, que sempre apontou, nos mais célebres registros, a impossibilidade de uma abordagem totalitária e perfeita?
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