História da literatura e consciência historiográfica: um diálogo entre a escrita e a recepção
DOI:
https://doi.org/10.17851/2317-2096.25.1.243-252Palavras-chave:
História da Literatura e recepção, historiografia literária, consciência historiográficaResumo
A História da literatura, assim como todo e qualquer registro historiográfico, a partir de vertentes que puseram em xeque o discurso histórico, encontra-se, hoje, problematizada. Revelou-se nada menos do que a necessidade de fala daqueles foram deixados à margem do eixo hegemônico e que sofrem até nossos tempos uma insuficiência representacional, mantendo essas vozes literárias em um estado de subalternidade: um não lugar nas narrativas oficiais. Por isso, diferente da historiografia tradicional, incumbida de selecionar obras e autores considerados dignos e representantes das letras de uma nação, a história literária contemporânea busca um caráter plurivocal, nos obrigando a uma reconsideração daquilo que temos como cânone. No entanto, cabe-nos perguntar, se é possível hoje, mesmo consciente de todas as armadilhas deste discurso historiográfico, não se criar, na tentativa de se “preencher” as lacunas de uma história literária posta como verdade, outro discurso semelhante. Ou melhor: como abordar um sistema literário e não repetir a forma tradicional, que consiste na seleção arbitrária de determinados autores e exclusão de outros, criando, assim, novos cânones e deixando os demais, novamente, à margem? Será que todo o problema da historiografia literária está, necessariamente, nela, ou seria seu receptor também culpado por determinadas questões, que estariam ligadas a uma não percepção de uma visível consciência historiográfica, que sempre apontou, nos mais célebres registros, a impossibilidade de uma abordagem totalitária e perfeita?
Referências
ARAÚJO, Valdei Lopes de. Cairu e a emergência da consciência historiográfica no Brasil (1808-1830). In: NEVES, Lúcia Maria Bastos Pereir, et. al. (Org.). Estudos da Historiografia Brasileira. Rio de Janeiro: FGV; FAPERJ, 2011.
BARROS, José D’Assunção. Paul Ricoeur e a narrativa histórica. In: História, imagem e narrativa, Rio de Janeiro, n.12, p. 1-26, abr. 2011.
BHABHA, Homi K. O local da cultura. Belo Horizonte: UFMG, 1998.
CHARTIER, Roger. A aventura do livro: do leitor ao navegador. São Paulo: UNESP, 1998.
FOUCAULT, Michel. A Arqueologia do Saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2009.
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. São Paulo: Loyola, 2005.
MEDEIROS, Paulo de. Sombras: memória cultural, história literária e identidade nacional. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE HISTÓRIA DA LITERATURA, V., 2003 Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: PUCRS, 2003. (CD – mídia digital).
OLINTO, Heidrun Krieger. Voracidade e velocidade: historiografia literária sobre o signo da contingência. In: MOREIRA, Maria Eunice (Org.). Histórias da Literatura: teorias temas e autores. Porto Alegre: Mercado Aberto, 2003.
RICOEUR, Paul. Do texto à ação: ensaios de hermenêutica II. Porto: Rés-Editora, 1989.
VERISSIMO, Erico. Breve história da Literatura brasileira. São Paulo: Globo, 1996.
VIEIRA, Nelson H. Hibridismo e alteridade: estratégias para repensar a história literária. In: MOREIRA, Maria Eunice (Org.). Histórias da Literatura: teorias temas e autores. Porto Alegre: Mercado Aberto, 2003.
Downloads
Arquivos adicionais
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2015 Ítalo Nunes Ogliari (Autor)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja The Effect of Open Access).