Sob espelhos: reflexões em torno da autoria em Budapeste, de Chico Buarque
DOI:
https://doi.org/10.17851/2317-2096.26.2.65-82Palabras clave:
Budapeste, Chico Buarque, autoria, espelhoResumen
Com este artigo, objetiva-se discutir a autoria, juntamente com a figura do narrador, no interior do romance Budapeste (2003), de Chico Buarque, tomando como ponto de apoio dois textos clássicos a respeito do tema: “O que é um autor” (1969), de Michel Foucault, e “A morte do autor” (1968), de Roland Barthes. Para tanto, pretende-se destacar alguns elementos da narrativa relevantes para a reflexão sobre as questões da autoria e da “autoficcionalização” do autor na narrativa contemporânea. Ainda, leva-se em conta a forma como este romance reflete sobre si mesmo, espelhando a escrita e o narrador, retratando a imagem do autor, confundindo-a e desmistificando-a. Nesse jogo especular, a tessitura narrativa bane circularmente o sujeito empírico, o autor e o narrador; também os envolve na trama, em um movimento de morte e nascimento, no desvanecimento e ressurgimento desses sujeitos. Todavia, algumas vezes não se sabe quem morre e quem surge nesse descentramento ficcional do sujeito. Essa complexa e confusa batalha da escrita convida o leitor a realizar uma apreciação crítica do romance em estudo. Assim, observa-se, também, em Budapeste, que esses sujeitos – nome próprio, autor e narrador –, de modo contundente, confundem-se, espelham-se, confluem-se, de forma a deixar transparecer que passam a ser as mesmas pessoas a contar a própria história. Do mesmo modo que, ao mesmo tempo, escapam-se, como se ninguém representassem ou tencionassem ser.
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