Eduardo Lourenço e o Brasil dos anos sessenta
o racismo como impensado
DOI:
https://doi.org/10.35699/2317-2096.2025.57877Palavras-chave:
Eduardo Lourenço, racismo, cor, BrasilResumo
Para o filósofo português Eduardo Lourenço foi decisiva e singular a experiência vivida em terras brasileiras, na Bahia, entre 1958 e 1959. De fato, a partir da década de 1960, ele dedicou vários textos à interpretação de aspetos da cultura, da sociedade brasileira e das suas relações com Portugal. Este artigo propõe uma reflexão sobre a peculiar caracterização da reflexão sobre o racismo no Brasil, baseada no primado da questão da cor, em alguns dos textos escritos entre 1961 e 1963. A leitura crítica do filósofo, alimentada por incursões literárias, é colocada em diálogo com fases e desenvolvimentos do pensamento brasileiro sobre o racismo.
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