Escrever a vida, corte oblíquo
DOI :
https://doi.org/10.17851/2317-2096.26.1.157-175Mots-clés :
Clarice Lispector, Cyro dos Anjos, biografia, vida, literaturaRésumé
O presente artigo parte da constatação do filósofo Emanuele Coccia de que a biografia constitui a base cultural do Ocidente, o que implica a crença na plena coincidência entre lei e vida. A partir de um debate envolvendo a filósofa Hannah Arendt ampliaremos os alcances da supracitada paridade para evidenciar como nela se inscreve a dialética natureza e cultura e, por fim, reivindicaremos o “corte oblíquo” identificado por Silviano Santiago nas obras O amanuense Belmiro, de Cyro dos Anjos, e Água viva, de Clarice Lispector, como possível alternativa à citada lógica. Isto pois, em ambos os textos, como mostraremos, temos questionadas as condições da biografia, do cristianismo, do humanismo e, por fim, do próprio romance, da própria literatura.
Téléchargements
Références
ANJOS, Cyro dos. O amanuense Belmiro. Belo Horizonte: Livraria Garnier, 2002.
AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer. O poder soberano e a vida nua I. Tradução de Henrique Burigo. 2. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.
AGAMBEN, Giorgio. Ideia da prosa. Tradução de João Barrento. Lisboa: Cotovia, 1999.
ARENDT, Hannah. A condição humana. Tradução de Roberto Raposo. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010.
BENJAMIN, Walter. O narrador. In: BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política. Ensaios sobre literatura e história da cultura. Tradução de Sergio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1994. (Obras Escolhidas, 1).
COCCIA, Emanuele. O mito da biografia ou sobre a impossibilidade da teologia política. Outra Travessia, Florianópolis, n. 14, p. 7-21, 2. sem. 2012.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Devir-intenso, devir-animal, devir-imperceptível. In: DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs. Capitalismo e esquizofrenia. São Paulo: Editora 34, 2008. v. 4.
DERRIDA, Jacques. Seminario. La bestia y el soberano. Tradução de Cristina de Peretti e Delmiro Rocha. Buenos Aires: Manantial, 2010. v. I: 2001-2002.
DERRIDA, Jacques. Seminario. La bestia y el soberano. Tradução de Luis Ferrero, Cristina de Peretti e Delmiro Rocha. Buenos Aires: Manantial, 2011. v. II: 2002-2003.
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade. A vontade de saber. Tradução de Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988. v. I.
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade. O uso dos prazeres. Tradução de Maria Thereza da Costa Albuquerque. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1984. v. II.
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade. O cuidado de si. Tradução de Maria Thereza da Costa Albuquerque. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1985. v. III.
HEIDEGGER, Martin. Sobre o humanismo. Tradução de Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Edições Tempo Brasileiro, 2009.
HOBBES, Thomas. Leviatã. São Paulo: Abril Cultural, 1983. (Os Pensadores).
LISPECTOR, Clarice. Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
LUKÁCS, Georg. A teoria do romance. São Paulo: Editora 34, 2000.
NODARI, Alexandre. Fabricar o humano. Sopro. Panfleto político-cultural. Florianópolis, n. 50, maio 2011.
ROMANDINI, Fabián Javier Ludueña. La comunidad de los espectros. Buenos Aires: Mino y D’Avila Editores, 2010. v. I: Antropotecnia.
SANTIAGO, Silviano. A vida como literatura. O amanuense Belmiro. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006.
SCHILLER, Friedrich. A educação estética do homem numa série de cartas. Tradução de Roberto Schwarz e Márcio Suzuki. São Paulo: Iluminuras, 2002.
Téléchargements
Publiée
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
(c) Tous droits réservés João Guilherme Dayrell (Autor) 2016
Ce travail est disponible sous la licence Creative Commons Attribution 4.0 International .
Authors who publish with this journal agree to the following terms:Authors retain copyright and grant the journal right of first publication with the work simultaneously licensed under a Creative Commons Attribution Non-Commercial No Derivatives License that allows others to share the work with an acknowledgement of the work's authorship and initial publication in this journal.Authors are able to enter into separate, additional contractual arrangements for the non-exclusive distribution of the journal's published version of the work (e.g., post it to an institutional repository or publish it in a book), with an acknowledgement of its initial publication in this journal.Authors are permitted and encouraged to post their work online (e.g., in institutional repositories or on their website) prior to and during the submission process, as it can lead to productive exchanges, as well as earlier and greater citation of published work (See The Effect of Open Access).