Escrever a vida, corte oblíquo
DOI:
https://doi.org/10.17851/2317-2096.26.1.157-175Palavras-chave:
Clarice Lispector, Cyro dos Anjos, biografia, vida, literaturaResumo
O presente artigo parte da constatação do filósofo Emanuele Coccia de que a biografia constitui a base cultural do Ocidente, o que implica a crença na plena coincidência entre lei e vida. A partir de um debate envolvendo a filósofa Hannah Arendt ampliaremos os alcances da supracitada paridade para evidenciar como nela se inscreve a dialética natureza e cultura e, por fim, reivindicaremos o “corte oblíquo” identificado por Silviano Santiago nas obras O amanuense Belmiro, de Cyro dos Anjos, e Água viva, de Clarice Lispector, como possível alternativa à citada lógica. Isto pois, em ambos os textos, como mostraremos, temos questionadas as condições da biografia, do cristianismo, do humanismo e, por fim, do próprio romance, da própria literatura.
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