"Combinação possível de palavras"

linguagem e dominação em Robinson Crusoé e em Foe

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35699/2317-2096.2021.26194

Palavras-chave:

Robinson Crusoé, Foe, linguagem, realismo formal, colonialismo

Resumo

O objetivo deste artigo é investigar o papel da linguagem em Robinson Crusoé e em Foe. Neste, as relações de dominação são minadas pela quase completa ausência de comunicação verbal entre Cruso e Sexta-Feira, que é mudo, aliado ao fracasso da personagem e narradora, Susan Barton, em tramar um enredo para sua história; naquele, o personagem e narrador habilmente manipula os signos verbais de modo a atribuir um novo significado à ilha deserta, assumindo controle sobre ela, semelhante ao domínio que irá exercer sobre os demais habitantes, sobretudo Sexta-Feira. Assim, neste artigo, procuraremos ligar alguns pontos entre o uso descritivo e denotativo da linguagem, próprio do realismo formal de Robinson Crusoé, e da missão colonizadora. Do mesmo modo, ao colocar a própria linguagem referencial em jogo, Foe oferece uma alternativa original e desafiadora sobre as possibilidades de se contrapor à herança colonial e suas formas narrativas.

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Publicado

2021-06-30

Como Citar

Monteiro, D. L. (2021). "Combinação possível de palavras": linguagem e dominação em Robinson Crusoé e em Foe. Aletria: Revista De Estudos De Literatura, 31(2), 67–89. https://doi.org/10.35699/2317-2096.2021.26194

Edição

Seção

Dossiê: “Robinson Crusoé”: Um percurso de três séculos