Uma oficina poética de lembranças
DOI:
https://doi.org/10.17851/2317-2096.24.2.77-94Palavras-chave:
W. G. Sebald, literatura, bricolagem, fotografiaResumo
No ano de 2001, foi publicado o último livro do já então célebre escritor alemão W. G. Sebald, Austerlitz. Marcado pela digressão, pelo tom melancólico, pelo emprego de remissões factuais e pelo uso de fotografias, o livro se caracteriza como um gênero híbrido entre o factual e o ficcional. Neste artigo, procuro apresentar e discutir o processo criativo a partir do contato com o espólio do autor, no tocante ao uso de fotografias em sua narrativa. Diante das particularidades desse espólio, parto do princípio de que o espólio é uma extensão da obra do autor e que nela se encontra em constante discussão uma prática e conceito de arquivo que atravessa e se reflete em todo o procedimento criativo de Sebald. Durante a análise do material referente a Austerlitz, ao acentuar o papel da semelhança e da analogia em sua prática enquanto colecionador de imagens, a proposta é apontar o interesse do autor pelo problema do olhar, da percepção visual e da representação que, por fim, aproxima seu procedimento poético ao da bricolagem praticada por artistas conhecidos como outsiders.
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