O outro “otro” de Borges: o perigoso historiador-crítico lê Facundo na “unánime noche”

Autores

  • Breno Anderson Miranda Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.17851/2317-2096.25.1.83-112

Palavras-chave:

Jorge Luis Borges, Domingo F. Sarmiento, noite, utopia, romantismo

Resumo

Tentaremos mostrar nesse artigo, que na “unánime noche” de Borges, as Luzes que se abrem ao raiar do dia não devem ser descartadas, e funcionam como relevantes documentos para o historiador-crítico borgeano. Aliás, são nelas que os pesadelos mais sombrios da escuridão transformam-se em artes e práticas cotidianas, para o bem ou para o mal. Se os anos 1960 e 1970 continuam os sonhos de Sarmiento, como no prólogo de Borges a Facundo; os vazios da calada da noite podem revelar encontros dos mais incompatíveis. O jovem revolucionário, leitor de Marx, Engels e Evita, por exemplo, sabe que a leitura da obra de Borges, proibida, pode ser mais prazerosa do que imagina; e a literatura de Borges, como disse David Viñas, sabe muito bem que não é nada inocente (como qualquer outra), em sua leitura do mundo. Assim, reciprocamente, no exílio à “unánime noche”, elas almejam ir ao encontro da utopia revolucionária do outro “otro”. Sonho ou realidade?

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Biografia do Autor

Breno Anderson Miranda, Universidade de São Paulo

Graduado em História pela UFMG. Mestre em História e Culturas Políticas pela UFMG. Mesrre em Teoria da Literatura pela UFMG. Doutorando em História Social pela USP.

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Publicado

2015-11-12

Como Citar

Miranda, B. A. (2015). O outro “otro” de Borges: o perigoso historiador-crítico lê Facundo na “unánime noche”. Aletria: Revista De Estudos De Literatura, 25(1), 83–112. https://doi.org/10.17851/2317-2096.25.1.83-112

Edição

Seção

Dossiê - O Noturno na Literatura e nas Artes