Levantamento de marcas de mordidas humanas em vítimas de violência periciadas no Instituto Médico Legal de Feira de Santana-BA, entre 2007 e 2014
DOI:
https://doi.org/10.7308/aodontol/2016.52.3.06Palavras-chave:
Odontologia legal, Registro da relação maxilomandibular, ViolênciaResumo
Objetivo: Descrever a prevalência de marcas de mordidas em vítimas de violência periciadas no Instituto Médico Legal de Feira de Santana no período de 2007 até 2014, levando em consideração a análise do perfil sociodemográfico das vítimas, a relação destas com os supostos agressores, bem como fatores inerentes às particularidades da violência, características da mordida e região do corpo atingida.
Métodos: Estudo de casuística, de caráter exploratório com base em dados secundários, produzidos a partir das perícias realizadas por peritos odontolegistas registradas em laudos arquivados no Instituto Médico Legal (IML), no período de 2007 à 2014.
Resultados: Os resultados apontam um maior índice de vítimas do sexo feminino (78,1%), entre 20-60 anos (53,1%), faiodermas, estudantes (28,6%) e naturais de Feira de Santana (56,2%). A região de cabeça e pescoço (29,2%) e membros superiores (29,2%) tiveram destaque nas agressões e a maioria das vítimas apresentaram mais de uma lesão, apresentando-se clinicamente como escoriações (34,2%) e equimoses (31,6%). Em nenhum dos casos houve tentativa de identificação do agressor pela mordida.
Conclusão: Desse modo, conclui-se que a maior parte das vítimas de violência física que apresentaram lesão provocada por mordida humana era do sexo feminino, faioderma e adultos. Os supostos agressores na maioria dos casos tem ou tiverem um vínculo conjugal com a vítima. As marcas de mordidas foram predominantes na região de cabeça e pescoço e membros superiores. Como manifestação clínica destacou-se as escoriações e equimoses.
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