Percepção das pessoas sobre o bem-estar dos equinos
Bruna Silvestre Veloso1, Laya Kannan Silva Alves2, Erica Beatriz Schultz3, Gustavo Roberto Dias Rodrigues4*,
Natascha Almeida Marques da Silva5, Camila Raineri6
DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2023.45347
Resumo
Objetivou-se demonstrar a percepção do bem-estar de equinos por pessoas com diferentes relacionamentos com estes
animais. Foi realizado a aplicação de um questionário em plataforma online com divulgação por vias eletrônicas. O
questionário continha 15 questões de múltipla escolha cujo tema abordado foi bem-estar associado a dor, estereo-
tipias, cascos, interação social, alojamento e escore de condição corporal de equinos. Foram obtidas 319 respostas.
A análise estatística foi realizada através do teste qui-quadrado de Pearson considerando 5% de significância. Os
fatores significativos foram o nível de sensibilidade à dor dos cavalos (P=0,0047), dor causada por equipamentos
(P=0,0045), estereotipias (P=0,0231), percepção de casco com crescimento excessivo (P=0,0001), percepção de
casco com crescimento normal (P=0,0416), fatores influenciados pelo crescimento excessivo dos cascos (P=0,0673),
interação social (P=0,0001), qualidade do alojamento (P=0,0001), dimensionamento de baia (P=0,0002) e aspectos
que influenciam o escore de condição corporal (P=0,0529). as questões relacionadas à capacidade dos cavalos de
sentir dor (P=0,8346), importância da interação social (P=0,4507), opção ideal de interação social (P=0,1320) e
escore de condição corporal (P=0,2750), não foram significativos. O tipo de relacionamento das pessoas com os cavalos
interfere na percepção sobre o bem-estar animal. As pessoas que possuem algum tipo de relação direta com cavalos
são mais conscientes dos aspectos básicos de bem-estar em relação àquelas que não tem relação direta com cavalos.
Palavras-chave: Cavalo. Comportamento. Instalações. Manejo.
People’s perceptions of equine welfare
Abstract
The objective was to demonstrate the perception of the welfare of horses by people with different relationships with
these animals. A questionnaire was carried out on in an online platform with electronic dissemination. The question-
naire contained 15 multiple choice questions whose theme was welfare associated with pain, stereotypies, hooves,
social interaction, accommodation and body condition score of horses. A total of 319 responses to the questionnaire
were obtained. A statistical analysis was performed using Pearson’s chi-square test considering 5% significance. The
responses were statistically influenced by the type of relationship with the animals on: level of sensitivity to pain in
horses (P
=
0.0047), pain caused by harness (P
=
0.0045), stereotypes (P
=
0.0231), perception of hoof with ex-
cessive growth (P
=
0.0001), perception of hoof with normal growth (P
=
0.0416), factors influenced by excessive
1Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Medicina Veterinária. Uberlândia, MG. Brasil.
https://orcid.org/0000-0003-4911-014X
2Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia. Pirassununga, SP. Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-9534-6121
3Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, Brasil.
https://orcid.org/0000-0003-1916-2117
4Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Medicina Veterinária. Uberlândia, MG. Brasil.
https://orcid.org/0000-0001-9438-3724
5Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Medicina Veterinária. Uberlândia, MG. Brasil.
https://orcid.org/0000-0003-2318-1791
6Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Medicina Veterinária. Uberlândia, MG. Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-6398-5033
*Autor para correspondência: grdrodrigues@outlook.com
Recebido para publicação em 18 de março de 2023. Aceito para publicação em 23 de maio de 2023.
e-ISSN: 2447-6218
Caderno de Ciências Agrárias está licenciado
com uma Licença Creative Commons
Atribuição - Não Comercial 4.0 Internacional
CADERNO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
Agrarian Sciences Journal
2
Veloso, B. S. et al.
Cad. Ciênc. Agrá., v. 15, p. 0109, DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2023.45347
hoof growth (P
=
0.0673), social interaction (P
=
0, 0001), quality of accommodation (P
=
0.0001), dimensioning
of stall (P
=
0.0002) and aspects that influence the body condition score (P
=
0.0529). The scores for questions
related to the horse’s ability to feel pain (P
=
0.8346), the importance of social interaction (P
=
0.4507), the ideal
option for social interaction (P
=
0.1320) and body condition score (P
=
0.2750) were not significant. The type of
relationship between people and horses interferes with their perception of animal welfare. People who have some
kind of direct relationship with horses are more aware of the basic aspects of welfare than those who have no direct
relationship with horses.
Keywords: Behavior. Handling. Horse. Housing.
Introdução
Desde a sua domesticação, os cavalos são usados
para diversos propósitos como o militar, agrícola, até
fins esportivos ou recreativos. Com o papel do cavalo na
sociedade, a preocupação não com desempenho nas
atividades, mas também com os cuidados e as condições
ambientais em que são submetidos têm aumentado (Mel-
lor e Beausoleil, 2017). Pesquisadores, produtores, técni-
cos e responsáveis relatam que problemas de bem-estar,
como as estereotipias, podem ser reduzidas e/ou evitadas
melhorando o conhecimento biológico e comportamen-
tal de todos os entusiastas e envolvidos nas atividades
com os cavalos (Visser e Wijk-Jansen, 2012). Para tanto
é necessário explorar e obter mais informações sobre o
perfil e o conhecimento destas pessoas. De acordo com
o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA, 2016) é obrigatório que os manejadores de cava-
los entendam sobre comportamento e busquem conhecer o
modo de vida desses animais proporcionando um melhor
relacionamento, respeitando suas características naturais
e necessidades de sobrevivência.
Como o bem-estar é uma ciência tão complexa
e multifatorial, diversos desafios são encontrados para
sua mensuração. Para equinos, diversos protocolos para
avaliação de bem-estar foram desenvolvidos. O protocolo
da AWIN (Animal Welfare Indicators) (AWIN, 2015)
tornou-se uma ferramenta viável, confiável e válida para
avaliar o bem-estar dos cavalos. Outro exemplo é a ferra-
menta padronizada de avaliação de bem-estar em equinos
(SEBWAT) de Sommerville et al. (2018), utilizada para
identificar e avaliar o nível de bem-estar dos cavalos
pelo manejo alimentar, instalações, cuidados sanitários
e comportamento.
Até o momento da elaboração desse trabalho, não
foram encontrados estudos na literatura que avaliaram
a percepção de diferentes grupos de pessoas acerca do
bem-estar de equinos no Brasil. Sendo assim, objetivou-se
aprofundar o conhecimento a respeito da percepção de
bem-estar de equinos por pessoas com diferentes relacio-
namentos com estes animais, de forma a contribuir para
avanços na compreensão de como as diferentes relações
homem-animal influenciam na percepção do bem-estar
de equinos
Material e Métodos
Elaboração dos questionários
A pesquisa investigou a percepção de pessoas com
diferentes relações com equinos, sendo: i) proprietários
com foco em lazer, ii) proprietários competidores, iii)
competidores não proprietários, iv) profissionais da área
(médicos veterinários, zootecnistas e afins), v) treinadores
e vi) pessoas sem contato direto com cavalos, a respeito
de aspectos do bem-estar desta espécie.
O trabalho foi executado em quatro etapas, sendo
a primeira o levantamento de estabelecimentos, associa-
ções e entidades que reúnam e/ou tenham contatos com
estas pessoas, e a segunda o contato com estas organiza-
ções e convite para participação na pesquisa. A terceira
etapa consistiu na elaboração de um questionário em
plataforma online, e sua divulgação por vias eletrônicas
para os participantes. Por fim, no quarto passo foi reali-
zada a análise e interpretação quantitativa e qualitativa
dos dados obtidos.
O questionário foi elaborado na plataforma Goo-
gleDocs contendo 15 questões fechadas abordando o tema
de bem-estar associado a dor, estereotipias, casco, intera-
ção social, alojamento e escore de condição corporal. A
aplicação do questionário foi realizada por meio digital,
com divulgação da ferramenta por meios eletrônicos. O
questionário foi enviado a associações de criadores de
equinos, associações de médicos veterinários de equinos,
associação de provas equestres e associações de raças
específicas, graduandos e professores dos cursos de me-
dicina veterinária e zootecnia, profissionais das áreas e
pessoas em geral de todo o Brasil. Foram contabilizados
319 respondentes.
Análise estatística
A análise foi realizada por meio de teste qui-qua-
drado (χ2) de Pearson. Foi avaliada por teste de indepen-
dência a hipótese de que o tipo de relação com cavalos
(i) proprietários com foco em lazer, ii) proprietários
competidores, iii) competidores não proprietários, iv)
profissionais da área (médicos veterinários, zootecnistas
e afins), v) treinadores e vi) pessoas sem contato direto
com cavalos) afeta a percepção das pessoas sobre aspectos
básicos do bem-estar de equinos.
3
Percepção das pessoas sobre o bem-estar dos equinos
Cad. Ciênc. Agrá., v. 15, p. 0109, DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2023.45347
O teste foi expresso em tabelas de contingência
e considerou-se o nível de significância até 10% para os
resultados. A análise foi realizada por meio do procedi-
mento FREQ do software SAS System® (SAS INSTITUTE
INC, 2005).
Resultados e discussão
A seguir são apresentados os resultados da pes-
quisa, abordando a percepção de diferentes grupos de
pessoas: Proprietário lazer (PL), proprietário competidor
(PC), competidor não proprietário (CNP), profissional
(P), treinador (T) e sem relação direta (SR), sobre os
aspectos apresentados. As questões levantadas verifica-
ram se os participantes acreditam que cavalos possuem
capacidade de sentir dor, qual seu nível de sensibilidade
à dor e se arreios e outros equipamentos podem causar
dor aos animais (Tabela 01).
Tabela 01 Percepção de aspectos relacionados à dor por grupos de pessoas com diferentes relações com equinos
Cavalos tem capacidade de sentir dor?
Respostas
PC
CNP
P
T
SR
Sim
22 (100%)
6 (100%)
124 (100%)
2 (100%)
102 (99,03%)
Não
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
Não sei
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
1 (0,97%)
P-valor = 0,8346
Qual o nível de sensibilidade dos cavalos à dor?
< humanos
4 (18,18%)
2 (33,33%)
33 (26,61%)
0 (0%)
22 (21,36%)
= humanos
6 (27,27%)
0 (0%)
47 (37,90%)
0 (0%)
56 (54,37%)
> humanos
12 (54,55%)
4 (66,67%)
41 (33,06%)
2 (100%)
19 (18,45%)
Não possui
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
Não sei
0 (0%)
0 (0%)
3 (2,42%)
0 (0%)
6 (5,83%)
P-valor = 0,0047
Arreios podem causar dor ao animal?
Sim
18 (81,82%)
5 (83,33%)
112 (90,32%)
2 (100%)
86 (83,50%)
Não
4 (18,18%)
1 (16,67%)
10 (8,06%)
0 (0%)
5 (4,85%)
Não sei
0 (0%)
0 (0%)
2 (1,16%)
0 (0%)
12 (11,65%)
P-valor = 0,0045
PL: Proprietário lazer; PC: Proprietário competidor; CNP: Competidor não proprietário; P: Profissional; T: Treinador; SR: Sem relação direta.
As respostas sobre a capacidade de sentir dor
não foram significativas em relação aos grupos de res-
pondentes (P>0,05) (Tabela 1). No entanto, as ques-
tões sobre o uso de equipamentos como sela e arreios
foram influenciadas pelo tipo de relação com os animais
(P<0,05) (Tabela 1).
A dor é uma qualidade sensorial de alerta para
que os indivíduos percebam a ocorrência de dano teci-
dual e estabeleçam mecanismos de defesa ou de fuga. A
evidência de que os animais sentem dor se confirma pelo
fato que estes evitam ou tentam escapar de um estímulo
doloroso e quando apresentam limitação de capacidade
sica pela presença da dor, esta é eliminada ou melhorada
com o uso de analgésicos (Luna; Vásquez, 2018).
Avaliar a capacidade de sentir dor é inerente a
empatia e a interação animal humano logo não houve
diferença entre aos grupos avaliados. Luna e Vásquez
(2018) demonstrou que os proprietários acreditam que o
cavalo tem a capacidade de sentir dor, porém, no mesmo
trabalho foi visto que há dificuldade em determinar qual
a escala, como demonstrado nos grupos de proprietários
para lazer e sem relação direta com os cavalos. Isto pois,
a dor contém além dos componentes discriminativos
sensoriais, também um componente emocional, isto di-
ficulta a avaliação objetiva em animais, tornando-se em
uma experiência subjetiva (Taylor et al., 2002).
O aspecto da sensibilidade à dor dos cavalos foi
o que apresentou maior divergência entre as respostas
4
Veloso, B. S. et al.
Cad. Ciênc. Agrá., v. 15, p. 0109, DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2023.45347
apresentadas. Apenas os grupos de proprietários com-
petidores, competidores não proprietários e treinadores
apresentaram a maior porcentagem em relação à res-
posta correta onde os cavalos têm maior sensibilidade à
dor comparado a humanos. Os equinos têm a pele mais
sensível que a de humanos adultos e apresentam um
baixo limiar à dor, quando comparado com várias outras
espécies (MAPA, 2016). Estes resultados mostram que
muitas pessoas que possuem contato com cavalos e até
profissionais, que tratam desse aspecto, não possuem
clareza sobre o nível de sensibilidade à dor destes animais.
Em todos os grupos houve predominância de
pessoas que acreditam que equipamentos como sele e
arreios podem causar dor aos animais (Tabela 1). Esta
resposta chama atenção em relação ao que é reportado
por Luna e Tadich (2019) o aumento da capacidade dos
proprietários de identificar condições dolorosas em seus
animais pode ser um fator importante na determinação
do estado de bem-estar dos animais e, portanto, afetar
a maneira como os equinos são tratados e cuidados.
Sobre o significado das estereotipias foi observada
influência do grupo de pessoas em relação a percepção
(P<0,05) (Tabela 2). A maioria dos respondentes iden-
tificou que morder madeira, dançar na baia, engolir ar
e andar em círculos são sinais de estresse intenso, sendo
o grupo de pessoas sem relação direta com cavalos o
grupo que obteve maior diferença de porcentagens nas
respostas (Tabela 2).
Tabela 02 Percepção de estereotipias por grupos de pessoas com diferentes relações com equinos
Resposta
PL
PC
CNP
P
T
SR
Comportamento natural
0(0%)
0(0%)
0(0%)
2(1,61%)
0(0%)
3(2,91%)
Estresse moderado
10(16,13%)
4(18,18%)
0(0%)
25(20,16%)
0(0%)
23(22,33%)
Sinal de doença
3(4,84%)
0(0%)
0(0%)
3(2,42%)
0(0%)
5(4,85%)
Estresse intenso
47(75,81%)
18(81,82%)
6(100%)
93(75%)
2(100%)
55(53,40%)
Sinal de alegria
1(1,61%)
0(0%)
0(0%)
0(0%)
0(0%)
2(1,94%)
Não sei
1(1,61%)
0(0%)
0 (0%)
1 (0,81%)
0(0%)
15 (14,56%)
P-valor = 0,0231
PL: Proprietário lazer; PC: Proprietário competidor; CNP: Competidor não proprietário; P: Profissional; T: Treinador; SR: Sem relação direta.
Estereotipias são comportamentos anormais, inva-
riáveis e repetitivos sem função, considerados potenciais
indicadores de desordens fisiológicas com consequente
redução do bem-estar do equino (Sommerville et al.,
2018). Comportamentos de morder madeira, aerofagia
com e sem apoio, fazer movimentos de balanço, dentre
outros, são exemplos de sequência de movimentos re-
petidos com pequena variação na forma e identificação
confirmando essa patologia, os estereótipos são tão ób-
vios que um observador pode reconhecê-los facilmente
(Broom e Kennedy, 1993).
Os valores que chamam a atenção são de pro-
prietários de lazer, competidores e profissionais que não
souberam identificar estes sinais de estresse intenso nos
cavalos (Tabela 2). Isto pois, pode prejudicar a qualidade
de vida desses animais, visto que estes são os responsáveis
pela saúde dos equinos.
A estereotipia é considerada como um indica-
dor de deficiências ambientais e fortes evidências
que existe relação entre cavalos estabulados, fatores de
manejo, baixa alimentação de forragem, tempo de ali-
mentação curto, isolamento social, falta de exercício e o
desenvolvimento do comportamento estereotipado. Uma
vez desenvolvidos, os estereótipos geralmente persistem
para o resto da vida do cavalo como descrito em revisão
sobre o tema de Visser e Wijk-Jansen (2012).
Foram apresentadas duas fotos para os partici-
pantes, a primeira apresentava um casco com crescimento
excessivo e outra um casco com crescimento normal,
sem explicação do que cada uma significava como re-
comendado por AWIN (2015). A partir destas fotos, os
participantes deveriam interpretar se a situação era dese-
jável, indesejável ou se não sabia e identificar quais dos
fatores apresentados poderiam ser influenciados devido
ao crescimento excessivo do casco.
Houve influência do grupo de pessoas em relação
a percepção sobre a saúde dos cascos (P<0,05) (Tabela
3). A maioria dos respondentes identificou que a primeira
imagem com o casco com crescimento excessivo não era
desejável, sendo o grupo sem relação direta com cavalos o
que obteve maior divergência nas respostas apresentadas.
Os participantes identificaram também que a segunda
imagem que apresentava um casco com crescimento
normal era desejável, sendo o grupo de competidor não
proprietário o que apresentou menor porcentagem em
relação a resposta certa (Tabela 3).
Os cascos são uma estrutura fundamental para os
cavalos pois desempenham papel crucial na produtividade
e rendimento do animal. O seu crescimento é contínuo
ao longo de toda a vida do animal, e os equinos devem
exibir aparelho locomotor equilibrado para que possam
desempenhar as atividades a que são submetidos, sem
5
Percepção das pessoas sobre o bem-estar dos equinos
Cad. Ciênc. Agrá., v. 15, p. 0109, DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2023.45347
que haja prejuízo estrutural e/ou funcional (Yuging He
et al., 2019). Cascos negligenciados possuem cresci-
mento excessivo, são raramente aparados ou aparados
incorretamente e podem ser dolorosos para os cavalos
(AWIN, 2015).
Tabela 03 Percepção de aspectos relacionados à saúde dos cascos por grupos de pessoas com diferentes relações com
equinos
Casco com crescimento excessivo
mento
P-valor = 0,0673
PL: Proprietário lazer; PC: Proprietário competidor; CNP: Competidor não proprietário; P: Profissional; T: Treinador; SR: Sem relação direta.
Em relação ao crescimento excessivo, os partici-
pantes responderam em sua maioria que desempenho,
dor, comportamento e estresse são influenciados por
um casco em más condições. O grupo de pessoas sem
relação direta com cavalos foi o que apresentou maior
divergência entre as respostas apresentadas. o grupo
de treinadores apresentou menor porcentagem em relação
a resposta correta, mas entre todos os grupos é o que
obteve menor número de respostas. A segunda resposta
mais assinalada nesta questão foi “desempenho” e nota-se
que as maiores porcentagens obtidas foram em grupos de
pessoas envolvidas com competições equestres (Tabela
3). Apesar de ser um aspecto básico do bem-estar dos
cavalos, esta preocupação com o desempenho dos ani-
mais reflete o que está na literatura, onde o maior foco
da revisão literária a respeito dos problemas de cascos é
em relação a diminuição de desempenho atlético como
em Melo et al. (2006) e Yuging He et al. (2019).
Para a percepção da interação social dos equinos
houve predominância de pessoas que acreditam que a
interação social é extremamente importante para equi-
nos, sendo o grupo sem relação direta com cavalos o que
obteve maior divergência percentual entre as respostas
apresentadas (p<0,05) (Tabela 4).
Os animais conhecidos por grande parte dos
grupos, possuem em sua maioria alta interação social,
diferente dos animais conhecidos pelos grupos profis-
sionais e treinadores, onde a maior parte possui baixa
interação social (Tabela 4).
A maioria dos respondentes de todos os grupos
identificou que o ideal seria que os animais possuíssem
alta interação social. Porém 6,45% dos proprietários de
lazer, 4,55% dos proprietários competidores e 6,46% dos
profissionais afirmaram que a alta interação social não
Respostas
PL
PC
CNP
P
T
SR
Desejável
2(3,23%)
0(0%)
0(0%)
1(0,81%)
0(0%)
6(5,83%)
Não desejável
59(95,16%)
22(100%)
6(100%)
123(99,19%)
2(100%)
81(78,64%)
Não sei
1(1,61%)
0(0%)
0(0%)
0(0%)
0(0%)
16(15,53%)
P-valor = <0,0001
Casco com crescimento normal
Desejável
55(88,71%)
19(86,36%)
5(83,33%)
116(93,55%)
2(100%)
90(87,38%)
Não desejável
6(9,68%)
3(13,64%)
0(0%)
7(5,65%)
0(0%)
4(3,88%)
Não sei
1(1,61%)
0(0%)
1(16,67%)
1(0,81%)
0(0%)
9(8,74%)
P-valor = 0,0416
Fatores influenciados pelo crescimento
Desempenho 5(8,06%)
2(9,09%)
1(16,67%)
8(6,45%)
1(50%)
9(8,74%)
Dor 3(4,84%)
0(0%)
0(0%)
3(2,42%)
0(0%)
9(8,74%)
Comporta- 0(0%)
0(0%)
0(0%)
1(0,81%)
0(0%)
0(0%)
Estresse 1(1,61%)
0(0%)
0(0%)
2(1,61%)
0(0%)
1(0,97%)
Todos acima 52(83,87%)
20(90,91%)
5(83,33%)
109(87,90%)
1(50%)
69(66,99%)
Não influencia 0(0%)
0(0%)
0(0%)
0(0%)
0(0%)
2(1,94%)
Não sei 1 (1,61%)
0 (0%)
0 (0%)
1 (0,81%)
0 (0%)
13 (12,62%)
6
Veloso, B. S. et al.
Cad. Ciênc. Agrá., v. 15, p. 0109, DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2023.45347
é a opção ideal para esses animais, sendo que apenas
3,23% dos profissionais admitiram ter dúvida sobre esse
aspecto. As respostas foram mais divergentes no grupo
sem relação direta com cavalos (Tabela 4).
Tabela 04 Percepção de aspectos relacionados à interação social por grupos de pessoas com diferentes relações com
equinos
Importância da interação social
Respostas
PL
PC
CNP
P
R
SR
Importante
58(93,55%)
21(95,45%)
6(100%)
120(96,77%)
2(100%)
90(87,38%)
Pouco importante
2(3,23%)
1(4,55%)
0(0%)
4(3,23%)
0(0%)
4(3,88%)
Sem importância
0(0%)
0(0%)
0(0%)
0(0%)
0(0%)
1(0,97%)
Não sei
2(3,23%)
0(0%)
0(0%)
0(0%)
0(0%)
8(7,77%)
P-valor = 0,4507
Como é a interação social dos cavalos conhecidos?
Alta interação
43(69,35%)
16(72,73%)
4(66,67%)
38(30,65%)
0(0%)
17(16,50%)
Baixa interação
16(25,81%)
6(27,27%)
1(16,67%)
59(47,58%)
1(50%)
12(11,65%)
Não tem interação
1(1,61%)
0(0%)
1(16,67%)
1(10,48%)
1(50%)
3(2,91%)
Não sei
2(3,23%)
0(0%)
0(0%)
4(3,23%)
0(0%)
3(2,91%)
Não tenho contato
com cavalos
P-valor = 0,0001
0(0%) 0(0%) 0(0%) 10(8,06%) 0(0%) 68(66,02%)
Qual opção seria ideal?
Alta interação
58(93,55%)
21(95,45%)
6(100%)
112(90,32%)
2(100%)
81(78,64%)
Baixa interação
4(6,45%)
1(4,55%)
0(0%)
7(5,65%)
0(0%)
7(6,80%)
Sem interação
0(0%)
0(0%)
0(0%)
1(0,81%)
0(0%)
1(0,97%)
Não sei
0(0%)
0(0%)
0(0%)
4(3,23%)
0(0%)
14(13,59%)
P-valor = 0,1320
PL: Proprietário lazer; PC: Proprietário competidor; CNP: Competidor não proprietário; P: Profissional; T: Treinador; SR: Sem relação direta.
Um dos fatores que mais interferem na possi-
bilidade de os animais terem interação social é o tipo
de alojamento. Foram apresentadas duas fotos para os
participantes, sendo que a primeira apresentava um ani-
mal alojado em uma baia sem possibilidade de interação
social e a segunda apresentava um animal alojado em
uma baia com possibilidade de interação social, sem
explicação do que cada uma significava de acordo com
método proposto pela AWIN (2015). A partir destas fo-
tos os respondentes deveriam interpretar se a situação
era desejável, indesejável ou se não sabia, e em seguida
identificar qual seria o método ideal para dimensionar
uma baia (Tabela 5).
Houve diferença estatística em todas as questões
levantadas entre os grupos (P<0,05) (Tabela 5). Após a
domesticação dos equinos, para torná-los animais acessí-
veis ao trabalho, houve uma restrição no espaço disponível
para estes animais. A restrição ao hábito de pastejo, a
ausência de grupos de convivência social, somados a
ociosidade fizeram com que os equinos desenvolvessem
comportamentos considerados anormais em decorrência
do confinamento prolongado. Estereótipos são raros em
equinos que não se encontram confinados e em grande
parte dos casos desaparecem ou diminuem quando os
animais são colocados em espaços maiores (Broom e
Kennedy, 1993; MAPA, 2016).
A maioria dos respondentes de todos os grupos
identificou que a primeira imagem que apresentava um
alojamento sem possibilidade de interação social não era
desejável e que a segunda imagem que apresentava um
alojamento com possibilidade de interação social era de-
sejável, porém uma porcentagem significante de proprie-
tários (46,92%), competidores proprietários (16,67%) e
profissionais (15,32%) apresentaram percepção incorreta
sobre a primeira imagem apresentada, afirmando que o
7
Percepção das pessoas sobre o bem-estar dos equinos
Cad. Ciênc. Agrá., v. 15, p. 0109, DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2023.45347
alojamento sem possibilidade de interação social seria
desejável para o animal (Tabela 5).
Tabela 05 Percepção de aspectos relacionado à qualidade do alojamento por grupos de pessoas com diferentes rela-
ções com equinos
Alojamento sem possibilidade de interação social
valo
(tempo)
P-valor = 0,0002
PL: Proprietário lazer; PC: Proprietário competidor; CNP: Competidor não proprietário; P: Profissional; T: Treinador; SR: Sem relação direta.
Sobre a segunda imagem, 20,97% dos proprie-
tários, 33,33% dos competidores proprietários e 16,94%
dos profissionais também apresentaram uma percepção
incorreta sobre a segunda imagem, afirmando que o
alojamento com possibilidade de interação social não
era desejável para o animal. O grupo sem relação direta
com cavalos foi o grupo que obteve maior divergência
nas respostas apresentadas (Tabela 5).
Apesar da maioria dos participantes terem co-
nhecimento de que o dimensionamento deve ser feito em
relação ao tamanho do cavalo, houve grande divergência
entre as respostas apresentadas por todos os grupos. Esta
divergência evidencia a falta de conhecimento sobre esse
aspecto básico do bem-estar do animal das pessoas que
tem contato direto com cavalos, que são os responsáveis
pelo bem-estar destes animais. De acordo com as respos-
tas obtidas, 33,07% dos profissionais participantes não
saberiam indicar a um proprietário como dimensionar
uma baia corretamente, e consequentemente, identificar
se o dimensionamento da baia escorreto ou não (Tabela
5).
Para avaliação da condição corporal foram apre-
sentadas três fotos aos participantes, a primeira imagem
apresentava um cavalo com escore de condição corporal
excessivo, a segunda imagem apresentava um cavalo
com escore de condição corporal deficiente e a terceira
imagem apresentava um cavalo com um escore de con-
dição corporal ideal, sem explicação do que cada uma
significava. Esta metodologia seguiu o sistema de escore
de 1 a 5 de Carroll e Huntington (1988), como recomen-
dado por AWIN (2015), e foram colocadas imagens de
animais com escores 2 (magro), 3 (ideal) e 4 (gordo). A
partir dessas fotos os respondentes deveriam identificar
qual escore de condição corporal era desejável e quais
fatores apresentados poderiam influenciar no escore de
condição corporal do animal (Tabela 6).
O escore de condição corporal é um método
padronizado para avaliar a quantidade de gordura no
Respostas
PL
PC
CNP
P
T
SR
Desejável
15(24,19%)
5(22,73%)
1(16,67%)
19(15,32%)
0(0%)
26(25,24%)
Não desejável
44(70,97%)
17(77,27%)
5(83,33%)
96(77,42%)
2(100%)
50(48,54%)
Não sei
P-valor = 0,0001
3(4,84%)
0(0%)
0(0%)
9(7,26%)
0(0%)
27(26,21%)
Alojamento com possibilidade de interação social
Desejável
48(77,42%)
22(100%)
4(66,67%)
97(78,23%)
2(100%)
53(51,46%)
Não desejável
13(20,97%)
0(0%)
2(33,33%)
21(16,94%)
0(0%)
27(26,21%)
Não sei
P-valor = 0,0001
1(1,61%)
0(0%)
0(0%)
6(4,84%)
0(0%)
23(22,33%)
Como se dimensiona uma baia?
Tamanho do ca- 29(46,77%)
12(54,55%)
3(50%)
83(66,94%)
1(50%)
49(47,57%)
Permanência 17(27,42%)
4(18,18%)
2(33,33%)
30(24,19%)
0(0%)
26(25,24%)
Peso do cavalo 1(1,61%)
0(0%)
0(0%)
0(0%)
0(0%)
1(0,97%)
Dimensão fixa 11(17,74%)
5(22,73%)
0(0%)
7(5,65%)
1(50%)
4(3,88%)
Não sei 4(6,45%)
1(4,55%)
1(16,67%)
4(3,23%)
0(0%)
23(22,33%)
8
Veloso, B. S. et al.
Cad. Ciênc. Agrá., v. 15, p. 0109, DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2023.45347
corpo de um cavalo. A condição corporal pode ser afetada
por rios fatores, como disponibilidade de alimentos,
atividades reprodutivas, clima, desempenho ou atividades
de trabalho, parasitas, problemas dentários, doenças e
práticas alimentares. O escore ideal da condição corporal
reflete nutrição adequada prolongada (AWIN, 2015).
Tabela 06 Percepção do escore de condição corporal por grupos de pessoas com diferentes relações com equinos
Qual o escore de condição corporal ideal?
Respostas
PL
PC
CNP
P
T
SR
Imagem 1 - excessivo
1(1,61%)
1(4,55%)
0(0%)
7(5,65%)
0(0%)
14(13,59%)
Imagem 2 - baixo
2(3,23%)
0(0%)
0(0%)
0(0%)
0(0%)
1(0,97%)
Imagem 3 - ideal
59(95,16%)
20(90,91%)
6(100%)
116(93,55%)
2(100%)
83(80,58%)
Todas as imagens
0(0%)
0(0%)
0(0%)
0(0%)
0(0%)
0(0%)
Nenhuma imagem
0(0%)
0(0%)
0(0%)
0(0%)
0(0%)
1(0,97%)
Não sei
0(0%)
1(4,55%)
0(0%)
1(0,81%)
0(0%)
4(3,88%)
P-valor = 0,2750
Influência sobre o escore de condição corporal
Disponibilidade de ali- 4(6,45%) 1(4,55%) 0(0%) 2(1,61%) 0(0%) 9(8,74%)
mentos
Problemas dentais
0(0%)
0(0%)
0(0%)
0(0%)
0(0%)
0(0%)
Parasitas
0(0%)
0(0%)
0(0%)
0(0%)
0(0%)
0(0%)
Práticas alimentares
2(3,23%)
1(4,55%)
1(16,67%)
1(0,81%)
0(0%)
1(0,97%)
Doenças
0(0%)
0(0%)
0(0%)
1(0,81%)
0(0%)
0(0%)
Atividades de trabalho
0(0%)
0(0%)
0(0%)
0(0%)
0(0%)
0(0%)
Todas as opções
56(90,32%)
20(90,91%)
5(83,33%)
120(96,77%)
2(100%)
87(84,47%)
Nenhuma das opções
0(0%)
0(0%)
0(0%)
0(0%)
0(0%)
0(0%)
Não sei
0(0%)
0(0%)
0(0%)
0(0%)
0(0%)
6(5,83%)
P-valor = 0,0529
PL: Proprietário lazer; PC: Proprietário competidor; CNP: Competidor não proprietário; P: Profissional; T: Treinador; SR: Sem relação direta.
Não houve influência do grupo de pessoas sobre
a percepção dos escores de condição corporal demons-
trados nas fotos (P>0,05) (Tabela 6). Houve influência
do grupo de pessoas em relação à percepção dos fatores
que influenciam o escore de condição corporal (P<0,05)
(Tabela 6).
Apesar de pequena, uma porcentagem de pro-
prietários, competidores não proprietários, profissionais
e sem relação direta com cavalos que não souberam
identificar que todos esses aspectos poderiam influenciar
de alguma forma no escore de condição corporal dos ani-
mais (Tabela 6). Apenas no grupo sem relação direta com
cavalo obteve respostas afirmando não ter conhecimento
sobre esse aspecto, evidenciando que os outros grupos
realmente acreditam nas respostas assinaladas por eles.
Todas as questões abordadas pelo estudo são
importantes para compreender a relação e a percepção
do contexto bem-estar animal com cavalos. De acordo
com Luna e Tadichi (2019) ainda poucos estudos e
são necessárias mais investigações da associação causal
entre a percepção dos humanos envolvidos na atividade
com cavalos e o estado de bem-estar de seus animais,
considerando outros contextos geoculturais.
Contribuição dos autores
BSV: Elaboração do questionário, coleta dos dados
e elaboração do artigo. LKSA: Edição, revisão e redação do
artigo. EBS: Preparação do manuscrito. GRDR: Preparação
e revisão do manuscrito. NAMS: Planejamento e análise
estatística do trabalho. CR: Orientação, planejamento e
execução de todas as etapas do trabalho.
9
Percepção das pessoas sobre o bem-estar dos equinos
Cad. Ciênc. Agrá., v. 15, p. 0109, DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2023.45347
Conclusão
O tipo de relacionamento das pessoas com os
cavalos interfere na percepção sobre o bem-estar desses
animais. As pessoas que possuem algum tipo de relação
direta com cavalos o mais conscientes dos aspectos
básicos de bem-estar que aquelas que não tem relação
direta com cavalos. Porém na identificação da condição
de dor, comportamentos e condição corporal mesmo os
grupos que possuem relação direta com o cavalo não foi
clara, não conseguindo identificar os aspectos básicos do
bem-estar do cavalo.
Referências
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