Um olhar sobre o presente
arte política e anacronismo em Villa e Discurso, de Guillermo Calderón
DOI:
https://doi.org/10.17851/1982-0739.24.1.96-107Palavras-chave:
Teatro político, Teatro chileno, Anacronismo, Ditadura militar, Villa Grimaldi, Michelle BacheletResumo
Este artigo apresenta uma análise das peças Villa e Discurso, do dramaturgo chileno Guillermo Calderón, a partir do conceito de “anacronismo”. A hipótese desenvolvida aqui é de que a arte política, de um modo geral, é fundamentalmente anacrônica, por estabelecer um olhar de inconformidade com o próprio tempo. De maneira específica, as duas peças de Calderón voltam-se para a história recente do Chile e colocam em questão temas polêmicos na sociedade chilena: a construção dos espaços de memória a partir de centros de tortura, no caso de Villa, e o governo da ex-presidenta Michelle Bachelet, no caso de Discurso. Em ambas as peças, o dramaturgo evidencia uma tensão não resolvida entre as diferentes formas do presente de lidar com o passado. Nesse sentido, as peças propõem ao espectador imagens anacrônicas, atravessadas por um tempo complexo, que desestabilizam as imagens mais ou menos estáveis que o presente tem sobre o passado.Downloads
Referências
AGAMBEN, Giorgio. O que é contemporâneo? e outros ensaios. Trad. Vinícius Nicastro Honesko. Chapecó, SC: Argos Editora, 2009.
BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre a literatura e história da cultura. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1994.
BENJAMIN, Walter. Sobre o conceito da história. Passagens. Tradução e coordenação: Willy Bolle. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado/ UFMG, 2006. p. 222-232.
CALDERÓN, Guillermo. Villa. Teatro II. Santiago: Lom Ediciones, 2012. p. 9-70.
CALDERÓN, Guillermo. Discurso. Teatro II. Santiago: Lom Ediciones, 2012. p.70-110.
DIDI-HUBERMAN, Georges. Diante do tempo – história da arte e anacronismo das imagens. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2015.
DIDI-HUBERMAN. A imagem sobrevivente – História da arte e tempo dos fantasmas segundo Aby Warburg. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro : Contraponto, 2013.
DIDI-HUBERMAN, Georges. O que vemos, o que nos olha. Trad. Paulo Neves. São Paulo: Ed. 34, 2010.
RANCIÈRE, Jacques. «Le concept d’anachronisme et la vérité de l’historien», L’Inactuel, n°6, Calmann-Lévy, 1996, p.53-68.
RANCIÈRE, Jacques. O espectador emancipado. Trad. Ivone C. Benedetti. São Paulo : WMF Mantis Fontes, 2012.
ROJO, Sara. Teatro político actual: la dramaturgia de Guillermo Calderón. Meridional – Revista Chilena de Estudios Latinoamericanos. Número 5, octubre 2015, p.109-129.
TAYLOR, Diana. Memory, trauma, performance. Aletria. Belo Horizonte, 2011 - jan.-abr., n.1, v.21. p. 67-76.



