A representação da Guerra Colonial em Memória de elefante, de Lobo Antunes

Autores

  • Leonardo von Pfeil Rommel Universidade Federal de Pelotas (UFPel) | Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

DOI:

https://doi.org/10.17851/1982-0739.23.3.250-263

Palavras-chave:

Guerra Colonial, Revolução dos Cravos, Memória de elefante, António Lobo Antunes

Resumo

O presente artigo analisa o romance Memória de elefante, do escritor português António Lobo Antunes quanto à sua particularidade em representar o período pós-Guerra Colonial e seus efeitos na sociedade portuguesa. Primeiro romance do autor, publicado em 1979, em um contexto pós-colonial, apenas quatro anos após a Revolução dos Cravos, a narrativa estabelece uma representação do conturbado período vivido por Portugal durante a guerra, a ditadura e o processo de desconstrução do império nacional. O discurso ficcional, no Portugal pós-Abril de 1974, apresenta-se como possibilidade de análise do contexto social e da dinâmica da evolução do país promovida pela transição do processo revolucionário. O romance surge como uma forma de enfrentamento desse processo dinâmico iniciado com a Revolução, que via na substituição e no esquecimento de um período histórico e de um modelo político-social ultrapassado a única forma possível de evolução. A ficção se assume como tentativa de resgate dos últimos capítulos do império português, como a Guerra Colonial e a Revolução. 

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Biografia do Autor

  • Leonardo von Pfeil Rommel, Universidade Federal de Pelotas (UFPel) | Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

    Mestre em Literatura Comparada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Doutorando em Estudos de Literatura pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

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Publicado

2018-08-29