O mito do Sebastianismo revisitado em Jornada de África, de Manuel Alegre.

Autores

  • Leonardo Von Pfeil Rommel Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS)

DOI:

https://doi.org/10.17851/1982-0739.22.2.213-226

Palavras-chave:

Sebastianismo, mito, História, Guerra Colonial, Manuel Alegre

Resumo

O presente artigo analisa a reescrita do mito do Sebastianismo no romance Jornada de África, primeira publicação em prosa do escritor português Manuel Alegre. Publicado em 1989 em um período pós-colonial, a narrativa revisita o passado recente português ligado ao colonialismo na África e atualiza o mito do sebastianismo, inserindo-o em um novo momento histórico, o conturbado contexto da Guerra Colonial e do final do império português, refletindo assim, sobre a identidade nacional no período de transição pós-colonial estabelecido após a Revolução dos Cravos em Abril de 1974. Jornada de África utiliza-se da reescrita do mito como forma de questionar o presente português, marcado intensamente por um movimento de apagamento do passado traumático ligado à Guerra Colonial e ao colonialismo na África. O discurso literário apresenta-se assim como uma forma de simbolizar, transformar em linguagem, os traumas e rupturas sofridos por toda uma geração de portugueses que viveu sob a opressão da ditadura do Estado Novo.

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Biografia do Autor

  • Leonardo Von Pfeil Rommel, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS)

    Mestre em Literatura Comparada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Doutorando em Estudos de Literatura pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

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Publicado

2017-04-07