O duplo como paródia em O Ano do Dilúvio

Autores

  • Melissa Cristina Silva de Sá Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) | Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG)

DOI:

https://doi.org/10.17851/1982-0739.23.1.275-285

Palavras-chave:

paródia, metaficção, duplo

Resumo

O Ano do Dilúvio, da canadense Margaret Atwood, apresenta uma distopia em que a humanidade foi dizimada por uma praga sem nome e à qual poucos sobreviveram. Dentre eles estão remanescentes do grupo religioso Jardineiros de Deus, cujo líder, Adam One, já tinha previsto que um “Dilúvio Seco” atingiria a humanidade. Pelos os sermões de Adam One antes e depois da catástrofe, assim como pela narrativa de outros personagens, o leitor é levado a um duplo mundo distópico: aquele do capitalismo exacerbado antes da catástrofe final e aquele com a humanidade quase dizimada. Meu foco neste trabalho é analisar como a narrativa de Adam One se constitui como paródia dos sermões cristãos. Conceituando paródia a partir de Linda Hutcheon, que vê em toda paródia a presença de um discurso duplo, pretendo discutir como a quebra de expectativa em relação ao sermão gera um paradoxo metaficcional. Através desse paradoxo, o texto chama atenção sobre sua própria condição como texto, criando um efeito estético que rompe com a narrativa tradicional ao mesmo tempo em que a endossa. Esse efeito de duplo textual, presente em outras obras da autora, em O Ano do Dilúvio é utilizado para questionar a suposta naturalidade dos discursos da religião e da ciência, enfatizando-se o modo como nossa realidade, assim como a ficção, é construída.

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Biografia do Autor

  • Melissa Cristina Silva de Sá, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) | Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG)
    Professora de Língua Inglesa no Instituto Federal de Minas Gerais - Campus Avançado Conselheiro Lafaiete. Atualmente é aluna de Doutorado em Literaturas de Língua Inglesa na UFMG. Mestre em Literaturas de Língua Inglesa pela Universidade Federal de Minas Gerais (2014-UFMG) e graduada em Letras Inglês/Licenciatura (2011) pela mesma instituição. Desde 20010 desenvolve pesquisa na área de Literaturas de Língua Inglesa, trabalhando com distopias escritas por mulheres. Possui experiência como pesquisadora no Acervo dos Escritores Mineiros da UFMG na área de Literatura, História e Memória Cultural. Leciona inglês como língua estrangeira desde 2008.

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Publicado

2018-03-16