O Diabo dos contos de Machado de Assis

destino, herança e errância do Satã miltoniano

Autores

  • Miriam Piedade Mansur Andrade Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

DOI:

https://doi.org/10.17851/1982-0739.23.1.249-258

Palavras-chave:

Diabo, Machado de Assis, John Milton

Resumo

Os contos de Machado de Assis “A Igreja do Diabo” e “O Sermão do Diabo” foram publicados em 1884 e 1893, respectivamente. A referência ao mito do Diabo pode remeter o leitor a várias fontes, dentre as quais, a Bíblia, e, a partir dela, a outras representações desse personagem. A presente análise visa à inclusão de mais uma representação no universo intertextual de Machado de Assis: a do Satã miltoniano, elemento esse que está nos contos machadianos não de forma tipológica ou como cópia, mas sob uma perspectiva diferente, que promove mais uma significação para esse elemento ficcional. A relação entre o Satã miltoniano e o Diabo machadiano é lida, então, pela lógica do suplemento, como proposto por Jacques Derrida, na qual, Machado de Assis, leitor de Milton, atualiza, em seus contos, o discurso literário sobre o mito do Mal e não escapa ao destino, à tradição e à herança do autor inglês.

 

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Biografia do Autor

  • Miriam Piedade Mansur Andrade, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
    Doutora em Literatura Comparada, pesquisadora bolsista do PNPD/CAPES, vinculada ao Programa de Pós-graduação em Estudos Literários da Faculdade de Letras da UFMG.

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Publicado

2018-03-16