Dois ou três desvios épicos
DOI:
https://doi.org/10.17851/1982-0739.26.2.222-241Palavras-chave:
escolas de samba, gêneros, épicaResumo
Este artigo se insere no campo das discussões sobre as manifestações populares nacionais a partir dos conceitos e dos conhecimentos oriundos da teoria literária. Mais precisamente, o trabalho tem como foco o debate a propósito de certos componentes dos desfiles das escolas de samba por conta de seus traços épicos. Inicialmente, será analisada a forma como a noção de gênero épico foi empregada, nos estudos sobre o carnaval, para classificar as composições chamadas de samba de enredo. Convém demonstrar como essas aplicações são marcadas por certa imprecisão na compreensão do conceito, o que dificulta a diferenciação entre essas composições e o lirismo do samba urbano e o que remete a um equívoco recorrente, inclusive, nas teorizações sobre a literatura. Num segundo momento, a dimensão plástica e visual dos cortejos carnavalescos será pensada em função de características cruciais que constituem variações épicas em meio à dramatização da apresentação. Por fim, o texto esboçará a ideia de que a bateria das escolas, por causa de sua relação íntima com as religiões de matriz africana, instituiria um desvio épico da percussão, elemento, a princípio, puramente rítmico.
Downloads
Referências
FARIA, Alexandre Graça. A presença da canção na literatura brasileira. In: MENEZES, Roniere (Org.). Na literatura, as músicas. Uberlândia: O sexo da palavra, 2020, no prelo.
GÓES, Fred. Samba-enredo: da epopeia à crônica. Textos escolhidos de cultura e artes populares, Rio de Janeiro, v.6, n.1, p.243-248, 2009.
MUSSA, Alberto. A poesia perdida dos sambas de enredo. O Globo, Rio de Janeiro, 09 de fevereiro de 2013.
MUSSA, Alberto; SIMAS, Luiz Antonio. Samba de enredo: história e arte. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.
PAMPLONA, Fernando. O encarnado e o branco. Rio de Janeiro: Novaterra, 2013.
PESSANHA, Nely Maria. Características básicas da epopeia clássica. In: APPEL, M. B.; GOETTEMS, M. B (Orgs.). As formas do épico: da epopeia sânscrita à telenovela. Porto Alegre: Editora Movimento, 1992. p.30-39.
RAYMUNDO, Jackson. Samba-enredo, a canção do desfile de escolas de samba: um gênero épico brasileiro. 2011. 65fs. Monografia (Licenciatura em Letras) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2011.
ROSENFELD, Anatol. Macumba. In: Negro, macumba e futebol. São Paulo, Perspectiva, 2013. p.49-71.
ROSENFELD, Anatol. O teatro épico. São Paulo: Perspectiva, 2014.
SIMAS, Luiz Antonio. Tantas páginas belas: histórias daPortela. Rio de Janeiro, Verso Brasil, 2012.
SIMAS, Luiz Antonio. O maior épico brasileiro. O Globo, Rio de Janeiro, 25 de fevereiro de 2014.
SIMAS, Luiz Antonio. O que significa considerar a memória um direito? Sesc, São Paulo, 06 de junho de 2019. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=oU8BTghanBY>. Acesso em 06 de maio de 2020.
SIMAS, Luiz Antonio; FABATO, Fábio. Pra tudo começar na quinta-feira. Rio de Janeiro: Mórula, 2015.



