Dois ou três desvios épicos

Autores

  • Luiz Philip Fávero Gasparete Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

DOI:

https://doi.org/10.17851/1982-0739.26.2.222-241

Palavras-chave:

escolas de samba, gêneros, épica

Resumo

Este artigo se insere no campo das discussões sobre as manifestações populares nacionais a partir dos conceitos e dos conhecimentos oriundos da teoria literária. Mais precisamente, o trabalho tem como foco o debate a propósito de certos componentes dos desfiles das escolas de samba por conta de seus traços épicos. Inicialmente, será analisada a forma como a noção de gênero épico foi empregada, nos estudos sobre o carnaval, para classificar as composições chamadas de samba de enredo. Convém demonstrar como essas aplicações são marcadas por certa imprecisão na compreensão do conceito, o que dificulta a diferenciação entre essas composições e o lirismo do samba urbano e o que remete a um equívoco recorrente, inclusive, nas teorizações sobre a literatura. Num segundo momento, a dimensão plástica e visual dos cortejos carnavalescos será pensada em função de características cruciais que constituem variações épicas em meio à dramatização da apresentação. Por fim, o texto esboçará a ideia de que a bateria das escolas, por causa de sua relação íntima com as religiões de matriz africana, instituiria um desvio épico da percussão, elemento, a princípio, puramente rítmico.

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Biografia do Autor

  • Luiz Philip Fávero Gasparete, Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

    Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da Universidade Federal de Juiz de Fora (Juiz de Fora – MG).

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Publicado

2021-03-18

Edição

Seção

Teoria, Crítica Literária, outras Artes e Mídias