Metáforas do lugar

viagem e exílio no primeiro Drummond

Autores

  • Sara Begname Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

DOI:

https://doi.org/10.17851/1982-0739.29.3.69-93

Palavras-chave:

Carlos Drummond de Andrade, Belo Horizonte, Modernidade, Charles Baudelaire, Melancolia

Resumo

Este artigo objetiva analisar um conjunto de textos escritos por Carlos Drummond de Andrade durante a década de 1920, publicados em jornais ou registrados em correspondência e projetos de livros anteriores a Alguma poesia (1930). Investiga-se a expressão de certo desajuste do sujeito em relação ao local em que encontra, o que aponta para uma dicção melancólica que se fundamenta sobre um problema do lugar. Analisa-se como esse sujeito frequentemente coloca-se como uma espécie de exilado na própria pátria, viajante ou transeunte, e as relações dessa poética com a obra de Baudelaire. O deslocamento, seja entre cidades ou na própria urbe, é não só o índice de uma modernização ambivalente, marcada pela convivência entre trens, automóveis, bondes e carroças, mas também a posição singular de um olhar oblíquo sobre o mundo. Desse ponto de vista enviesado, relativamente estrangeiro, o sujeito pode submeter a cidade, o outro e a si próprio à crítica e especulação.

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Biografia do Autor

  • Sara Begname, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

    Doutoranda em Literatura Brasileira pela Universidade Federal de Minas Gerais e mestra em Literatura Brasileira (2023) pela mesma instituição.

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Publicado

2025-07-02