v. 29 n. 3 (2023): ENTRE ANDANÇAS E MOVENÇAS, A LITERATURA DE MOVIMENTO: VIAGENS, EXÍLIOS E MIGRAÇÕES

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Entre o traço-rastro que risca o papel no momento da escrita e o texto que chega ao leitor, a escrita literária é caracterizada pelo movimento, que faz parte de diversas obras literárias as quais representam a imagem do ser em busca de adaptação ao mundo, sendo tema de trabalhos ficcionais e poéticos. São narrativas que abordam a experiência de trajetos - sejam eles conscientes ou inconscientes, de livre e espontânea vontade ou forçados - experienciados por aqueles que se locomovem de forma direta ou indireta. Nesse sentido, imagens representativas do movimento foram integradas às narrativas como forma de aprendizagem e também de reflexão, por meio de personagens banidos, exilados, errantes, estrangeiros, deslocados, desterritorializados, migrantes, filhos de migrantes, diaspóricos, filhos da diáspora, entre outros. Todo esse léxico, que pode ser aqui sumarizado pela expressão “condição exílica” (Alexis Nouss, Pensar o exílio e a migração hoje, 2016), evidencia o quanto a literatura, enquanto um espaço de reflexão da humanidade, seja no coletivo ou individualmente, pode representar o que chamamos aqui de movenças e andanças.

A partir desta perspectiva, a Revista Em Tese se propõe, por meio do presente dossiê, a colocar em trajeto diversos textos que abordam a escrita literária produzida tendo base os deslocamentos, sejam eles resultantes de um caminho traçado entre uma localidade e outra ou de um sentimento de despertencimento a nível psíquico. Trabalhos os quais tematizem os conceitos de exiliência (Alexis Nouss, Pensar o exílio e a migração hoje, 2016) e literatura sem morada fixa (Ottmar Ette, EscreverEntreMundos: literaturas sem moradia fixa, 2018), bem como aqueles que dialogam com representações da diáspora e das migrações e também que reflitam sobre os conceitos de território, nação (Benedict Anderson, Comunidades imaginadas: reflexiones sobre el origen la difusión del nacionalismo, 1993) e globalização serão bem vindos.

Tendo em vista essas considerações acima apresentadas e de forma a proporcionar reflexões e suscitar a escrita de textos para o dossiê, traçamos, tal qual um trajeto a ser percorrido, os seguintes questionamentos que podem orientar os pesquisadores que se interessam pelo tema abordado: de que maneira o deslocamento é representado na literatura? Como o espaço literário se torna um território, capaz de atribuir a si mesmo uma língua e uma identidade próprias? A escrita opera como um meio de representação dessas identidades fragmentárias, atribuindo uma coesão que é possível por meio da narrativa? Quais os desafios de se escrever sem fronteiras e em condição de migração?

Publicado: 2025-07-02

Apresentação

  • Apresentação

    Bruna Stéphane Oliveira Mendes da Silva, Camila Carvalho, Henrique Júlio Vieira, Lorena do Rosário Silva, Pedro Rena
    5-12
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-0739.29.3.5-12

Dossiê

  • A condição migrante nas poesias de Ana Martins Marques e Prisca Agustoni

    Carolina Cassese de Vasconcellos Serelle
    13-31
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-0739.29.3.13-31
  • A geografia rebelde de Emily Dickinson entre o exílio e a publicidade

    Derick Davidson Santos Teixeira
    32-49
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-0739.29.3.32-49
  • Juan José Saer e os papéis estrangeiros o exílio, os trânsitos da ficção, o laboratório do escritor

    Iuri Almeida Müller
    50-68
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-0739.29.3.50-68
  • Metáforas do lugar viagem e exílio no primeiro Drummond

    Sara Begname
    69-93
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-0739.29.3.69-93
  • Pienso en otra(s) lengua(s) La escritura como desvío en Paloma Vidal

    Santiago Toral Reyes
    94-108
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-0739.29.3.94-108
  • Progresso e reverso quando Bilac viajou ao Curral del Rei

    João Pedro de Carvalho
    109-138
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-0739.29.3.109-138

Teoria, Crítica Literária, outras Artes e Mídias

Em Tese

  • A presença do trágico de Goethe em Álbum de família de Nelson Rodrigues

    José Luiz Cordeiro Dias Tavares, Elizabeth da Penha Cardoso
    161-181
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-0739.29.3.161-181
  • "A irônica utopia de um domínio duradouro do capital" a opereta sob o signo da fantasmagoria benjaminiana

    Rodrigo Cézar Dias
    182-203
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-0739.29.3.182-203

Entrevistas

  • Do centro à periferia deslocamentos literários

    Cristiane Côrtes; Lorena do Rosário Silva
    204-218
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-0739.29.3.204-218

Poéticas

  • Capa

    Priscila Justina
    219
  • Colagens móveis

    Bárbara Rocha, Danila Gonzaga, Isabela Heneine, Marco Colombo, Marielle Durães Ferreira
    220-226
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-0739.29.3.220-226
  • Raízes e deslocamentos entre o Lugar e o Não-Lugar

    Danila Gonzaga
    227-229
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-0739.29.3.227-229
  • Alguns vagões

    Rafael Fava Belúzio
    230-233
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-0739.29.3.230-233
  • Tábua das marés

    Raphael Morone
    234-244
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-0739.29.3.234-244