Futebol, performance e espectatorialidade som e ambiências comunicativas na produção do espetáculo esportivo
Barra lateral de artigos
Conteúdo do artigo principal
Resumo
Este artigo discute a performance do futebol como resultado de um complexo entrecruzamento entre diferentes performances, mas especialmente as performances atléticas dos jogadores em campo e as performances espectatoriais da torcida nas arquibancadas. A sinergia entre estas duas performances é constantemente acionada como explicação para o sucesso esportivo e depende de relações entre atletas e público mediadas por diferentes sensorialidades. O som do estádio é um dos principais mediadores nesse processo, pois sua manipulação produz uma ambiência comunicativa no local que cria condições sensíveis e simbólicas necessárias para a concentração e desempenho dos atletas em campo. A fim de articular as diferentes instâncias envolvidas no processo descrito e reconstruir a festa do futebol em sua complexidade sensorial promovida pelos diferentes agentes envolvidos, apresenta uma reflexão teórica que articula as ideias de performances atléticas, performances espectatoriais, performances do futebol, som e ambiência comunicativa.
Downloads
Detalhes do artigo
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (veja O Efeito Acesso Livre).
Referências
ALABARCES, Pablo, et. al. Aguante y repression: futbol, violencia y politica en la Argentina. In: ______. (Org). Peligro de gol. Estudios sobre deporte y sociedad en América Latina. Buenos Aires: CLACSO, 2000, p. 211-230.
ALABARCES, Pablo. Héroes, machos y patriotas: el fútbol entre la violência y los médios. Buenos Aires: Aguilar, 2014.
BAKHTIN, Mikhail. Problemas da poética de Dostoiévski. Trad. direta do russo, notas e prefácio de Paulo Bezerra. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2018.
BURBANK, Mathew J., et. al. Mega-events, Urban Development and Public Policy. The Review of Policy Research. Toronto: Ryerson University/ Wiley, v. 19, n. 3, p. 179-202, Fall, 2002.
CARDOSO FILHO, Jorge e MATOS, Matheus Viana. Excitação na Bundesliga 2020: pandemia, futebol e retóricas de transmissão. Significação: Revista de Cultura Audiovisual, v. 57, p. 215-35, 2022.
CRUZ, Antônio Holzmeister Oswaldo. A nova economia do futebol: uma análise do processo de modernização de alguns estádios brasileiros. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social), Museu Nacional da UFRJ, Rio de Janeiro, 2005.
DAMO, Arley Sander. Do dom à profissão: uma etnografia do futebol de espetáculo a partir da formação de jogadores no Brasil e na França. Tese (Doutorado em Antropologia Social). Programa de Pós-graduação em Antropologia Social, UFRGS, Porto Alegre, 2005.
DAMO, Arley Sander. Paixão partilhada e participativa: o caso do futebol. História: Questões e Debates, Curitiba, Editora UFPR, n. 57, p. 45-72, 2012.
D’ANGELO, Natália. La nueva conflictividad de las barrabravas em Argentina: uma lectura a la luz de la teoria de redes. Ris, 13, p. 55-75, 2011.
DAUGHTRY, Martin. Thanatosonics: Ontologies of Acoustic Violence. Social Text, v. 119, 32, n. 2, p. 25-51, 2014.
DAUGHTRY, Martin. Listening to War: Sound, Music, Trauma and Survival in Wartime Iraq. Oxford, Oxford University Press, 2015.
DENORA, Tia. Music in Everyday Life. Cambridge: University Press, 2004.
DUNNING, Eric. ‘Figurando’ o esporte moderno: algumas reflexões sobre esporte, violência e civilização com referência especial ao futebol. Revista de Ciências Sociais, v. 42, n.1, p. 11-26. 2011.
FONSECA, Cláudia Graça; DIAS, Juliana; MARRA, Pedro Silva. Um obelisco, duas praças: um estudo comparativo das paisagens, situações e ambiências das Praças Sete e da Savassi em Belo Horizonte. In: SILVA, Regina Helena Alves, ZIVIANI, Paula. (Org.). Cidade e Cultura: rebatimentos no espaço público. 1ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2016, p. 213-40.
GASTALDO, Édison. As relações jocosas futebolísticas: futebol, sociabilidade e conflito no Brasil. Mana, v. 16, n. 2, p. 311-25, 2010.
GUMBRECHT, Hans Ulrich. Is There Anything Wrong with Violence? About the Beauty of Rugby and American Football. Philia&Filia, v. 1, n. 2, p. 67-73, 2010.
HAGOOD, Mac; TRAVIS, Vogan. The 12th Man: Fan Noise in the Contemporary NFL. Popular Communication: The International Journal of Media and Culture, v. 14, n. 1, p. 30-8, 2016.
HELMREICH, Stefan. An Anthropologist Underwater: Imersive Soundscapes, Submarines Cyborgs and Transductive Ethnography. American Ethnologist, v. 34, n. 4, p. 621-41, 2007.
HOLLANDA, Bernardo Borges Buarque de; TEIXEIRA, Rosana da Câmara. Associativismo juvenil e mediação política: As torcidas organizadas de futebol no Brasil e a construção de suas arenas públicas através da FTORJ e da ANATORG. Revista Antropolítica, n. 42, p. 236-64, 2017.
INGOLD, Tim. Against Soundscape. In: ANGUS, Carlyle. (Org.). Autumn Leaves. Paris: Double Entendre, p. 10-3, 2007.
LOPES, Felipe Tavares Paes e CORDEIRO, Mariana Pricolli. Futebol, massa e poder: reflexões sobre a ‘teoria do contágio’. Psicologia Política, v. 15, n. 34, p. 479-95, 2015.
LOPES, Felipe Tavares Paes; CORDEIRO, Mariana Pricolli. Fútbol, política e história en Brasil: análisis de um manifesto de hinchas antifascistas. Quaderns de Psicologia, v. 22, n. 3, p. 1-18, 2020.
MURZI, Diego. Hacia un mapa de la ‘violência en el futbol’: actors, dinâmicas, respuestas públicas y desafios en el caso de Argentina. Revista de Gestion Pública, v. VII, n. 1, p. 43-75, 2018.
NEWSON, Martha et. al. Brazil’s Football Warriors: Social Bonding and Inter-group Violence. Evolution and Human Behaviour, v. 39, 6, p. 675-83, 2018.
O’CALLAGHAM, Casey. Sounds: A Philosophical Theory. Nova Iorque: Cambridge University Press, 2007.
PICADO, Benjamin; MENDONÇA, Carlos Magno Camargos; CARDOSO FILHO, Jorge. Experiência estética e performance. Salvador: EDUFBA, 2014.
PINHEIRO, Caio Lucas Morais. O sequestro dos estádios de futebol: a dimensão simbólica das novas arenas e a guinada antifascista transnacional nas torcidas. Locus: Revista de História, v. 27, n. 1, p. 338-64, 2021.
RIEDL, Friedlind e TORNIVEN Juha. (Orgs.). Music as Atmosphere: Collective Feelings and Affective Sounds. London: Routledge, 2020.
RIEDL, Friedlind. Affect and Atmosphere: Two Sides of the Same Coin? In: RIEDL, Friedlind; TORNIVEN Juha. (Orgs.). Music as atmosphere: Collective Feelings and Affective Sounds. London: Routledge, 2020.
SALTER, Chris. Entangled: Technology and the Transformation of Performance. Cambridge: MIT Press, 2010.
SANTOS, Irlan Simões. For the Love, not for the Money: futebol, produção do comum e direito à cidade. Lugar Comum, n. 48, p. 120-44, 2016.
SANTOS, Irlan Simões; HELAL, Ronaldo George. Do espectador ao militante: a torcida de futebol e a luta pelo direito ao estádio e ao clube. Tríade – Comunicação, cultura e mídia, v. 4, n. 7, p. 53-69, 2016.
SCHERCHNER, Richard. Performance Studies: An Introduction. New York: Routledge, 3rd edition, 2013.
SPAAIJ, Ramón. Men Like Us, Boys Like Them: Violence, Masculinity and Colective Identity in Football Hooliganism. Journal of Sports and Social Issues, v. 32, n. 4, p. 369-92, 2008.
TEIXEIRA, Rosana da Câmara. A Associação Nacional das Torcidas Organizadas do Brasil na arena pública: desafios de um movimento coletivo. Antípoda: Revista de Antropologia e Arqueologia, n. 30, p. 111-28, 2018.
THIBAUD, Jean-Paul. A Sonic Paradigm of Urban Ambiences? Journal of Sonic Studies, v. 1, n. 1, p. 1-14, 2011.
TREJO, Fernando Segura, et. al. Violências no futebol argentino: o que está em jogo? Quais são os paralelos com o Brasil? Publicatio UEPG: Ciências Sociais Aplicadas, v. 27, p. 42-58, 2019.
TREJO, Fernando Segura; MURZI, Diego; YOSHIDA, Laura. Entre a violência e a festa popular no futebol da Argentina: as barras-bravas, as políticas públicas e uma ONG. Publicatio UEPG: Ciências Sociais Aplicadas, v. 25, p. 163-73, 2017.
TOLEDO, Luiz Henrique. “Por que xingam os torcedores de futebol?”. Cadernos de Campo, n. 3, p. 20-9, 1993.
TOLEDO, Luiz Henrique. Torcidas organizadas de futebol. Campinas: Autores Associados/Anpocs, 1996.
TOLEDO, Luiz Henrique; COSTA, Carlos Eduardo. Transformações do torcer: esportividades do olhar e olhares sobre a esportificação. Ilha, v. 24, n. 3, p. 92-113, 2022.
VIMIEIRO, Ana Carolina, et. al. Despolitização e re-politização do futebol: em análise, a defesa das ‘tradições’ pelos movimentos contra o futebol moderno no Brasil”. Anais do 42o Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 2019.