“Tudo é um jogo” diferentes contornos da relação entre violência e futebol em dois escritores da Amazônia brasileira

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Tânia Sarmento-Pantoja

Resumo

Uma das características mais proeminentes da literatura produzida nas últimas décadas é a relação de partilha que a ficção estabelece com as matérias historiográficas, seja para agregar e ressignificar o dado histórico, seja para evidenciar a precariedade ou a violência como fenômenos sociais, recortados de certas realidades, aspectos que nos parecem bastante adequados para uma reflexão – sempre atual – sobre futebol como mediador especulativo. Nesse sentido, o presente estudo analisa a produção de dois escritores que trazem diferentes cenários sociais da Amazônia brasileira para suas narrativas literárias, aliados à captura do universo futebolístico. Esses escritores são Clei Souza, com o conto “O jogo”, que integra a coletânea O suicidado e outras histórias (2021) e Ademir Braz, com o conto “Finalzinho de carreira”, que está na coletânea A bela dos moinhos azuis (2015). Seja no tratamento minucioso que Braz dá às precariedades que assolam a forma de vida amazônida; seja nas experiências insuportáveis, coladas à vida (violentamente) interrompida, no caso dos recortes propostos por Souza; em ambos os contos, o futebol se comunica ou é comunicado através das diatribes de alguma forma de violência, facilmente identificada na integração com os cenários sociais e, portanto, posicionado em uma chave residual e espectral na cultura e na sociedade brasileiras.

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Como Citar
SARMENTO-PANTOJA, T. “Tudo é um jogo”: diferentes contornos da relação entre violência e futebol em dois escritores da Amazônia brasileira. FuLiA/UFMG , Belo Horizonte/MG, Brasil, v. 9, n. 2, p. 131–144, 2024. DOI: 10.35699/2526-4494.2024.49221. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/fulia/article/view/49221. Acesso em: 6 out. 2024.
Seção
DOSSIÊ
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Referências

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